domingo, 4 de setembro de 2022

"Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte" (Salmo 23.4)

Mesmo que o Senhor nos conduza a lugares repletos de profundas tribulações, tal como o vale da sombra da morte, diz o salmista que Sua Presença é suficiente para dissipar todo o medo, uma vez que a Luz e a vida estão garantidas na Presença de Deus, por toda a Eternidade.

O vale descrito por Davi era uma região de tormentos e de ser rondado pela morte, segundo está escrito. Um lugar provavelmente sombrio, onde havia riscos de vida. Um lugar de profunda ausência de Deus nos detalhes, pois tudo deveria ser hostil e sem boas pessoas ao redor. Davi estava dizendo que o Senhor Deus - que habita na Luz inacessível - as vezes nos conduzirá em territórios sem nenhuma luminosidade, espiritualmente falando. Nessas horas, deveremos olhar para nós mesmos e fazermos uma avaliação de onde está Deus, porque talvez Sua Presença, aos nossos olhos humanos, não esteja perceptível. O cenário pode ser absolutamente desfavorável e nessas circunstâncias precisamos admitir a necessidade de enxergarmos através da fé, para que essa trajetória não seja tão desconfortável. Não estamos sós, a autoridade do Altíssimo socorre àqueles que são dEle, decretando a proteção e ordenando que a morte fique bem distante.

Davi está dizendo que nem sempre a grama estará verdejante e as águas estarão calmas. Existem rotas difíceis, terrenos secos, vales tenebrosos. Davi referiu-se a um lugar sem vida, uma estrada repleta de perigos, onde a caminhada é solitária e longa e onde o cansaço e o medo são constantes. A sensação nesse caminho é de instabilidade e ausência de certeza de chegar ao outro lado. Porém, Davi colocou-se como uma ovelha guiada pelo Pastor, totalmente consolado pelos sinais de seu cuidado e Amor: a vara e o cajado.

Na tradição judaica, a estrada poderia ser um caminho entre Jerusalém e Jericó. No livro de Jó, a palavra para "sombra da morte" (tsalmaveth) foi empregada com o sentido de morte literal, sepultura, lugar de trevas intensas. O profeta Isaías mencionou a terra da Galileia como sendo um local de "sombra da morte", que seria poderosamente visitada pelo Príncipe da paz:

"Mas para a terra que estava aflita não continuará a escuridão. Deus, nos primeiros tempos, tornou desprezível a terra de Zebulom e a terra de Naftali, mas, nos últimos tempos, tornará glorioso o caminho do mar, além do Jordão, Galileia dos gentios. O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte resplandeceu-lhes a luz." (Isaías 9. 1-2)

Estes dois exemplos citados parecem possuir dois aspectos diferentes, um de morte física e outro de morte espiritual. Mas em ambos conceitos, a realidade é uma só: medo, perigo, morte e trevas. O que faz toda a diferença? O menino que nos nasceu numa manjedoura e nos deu acesso ao Pai da Eternidade, ao Altíssimo, ao Onipotente, Àquele que tem as chaves de Davi - e que quando abre portas, ninguém pode fechar; e que quando as fecha, ninguém consegue abrir. Ele venceu a morte por nós e tem poder para detê-la, pois é o dono de nossos dias.

Quando a nossa vida está diante de Deus e somos direcionados por Ele precisamos sentir essa tranquilidade de Davi e vermos os sinais da Presença de Deus. Não podemos ver esse Pastor face a face, pois ainda é tempo de o vermos por enigmas; mas precisamos crer nos sinais e estarmos sensíveis à Sua Voz e à Sua Presença. Precisamos detectar a origem de nossos temores, porque a fé nos dá paz, a Presença nos acalma a alma, a vara nos direciona e o cajado nos põe no lugar seguro. Nosso Pastor é responsável. Se Ele nos levou para uma terra inóspita, deserta, seca e ameaçadora para nossa existência, Ele está no controle.



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