terça-feira, 22 de março de 2022

Os mistérios de Deus - Ester 4.13-14

 "Então Mardoqueu mandou que respondessem a Ester: Não imagines no teu íntimo que, por estares na casa do rei, escaparás só tu entre todos os judeus.

Porque, se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento de outra parte sairá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?" (Ester 4:13,14)

Os desígnios de Deus trabalham além de nossa compreensão. A história de Esther falará de um casamento cuja escolha do homem iria servir aos propósitos altos de Deus.

Porque mistério? Porque a união foi um pouco fora dos padrões para uma judia. E porque escapava à Esther o que Deus faria na vida dela através desta união.

Deus não é pego desprevenido. Antes que Hamã pensasse em destruir o povo de Deus, Esther já estava sendo preparada para ser a rainha.

Essa palavra neste dia irá nos dizer, além de outras coisas, que, podem haver momentos em que nossas vidas terão acontecimentos onde nós estaremos como Esther. A nossa condição parecerá que chegou um tempo de vitória, uma porta se abriu, o casamento chegou, a promoção no trabalho aconteceu, a nota do Enem foi suficiente e você passou, você recebeu uma vitória onde você passou por uma seleção.

É mistério de Deus.

Se você chegou até aí, Glórias a Deus! É vitória! É uma conquista. Aleleuia! Mas pode ser que Deus tenha te preparado para este momento não apenas para te dar esta grande alegria. Deus quer te usar.

Deus é quem permite tudo. Talvez o teu casamento tenha sido singular como o de Esther. E nem é impossível que não tenha sido o primeiro casamento do teu esposo exatamente como o dela. Mas esta união não é pra deleite. Não é uma mera história de amor. Há um projeto espiritual neste relacionamento.

Deus te escolheu para uma peleja onde vencerás com tua graça, teu joelho e tua oração.

Ou se alguém que estiver lendo, que não seja uma mulher, mas Deus te colocou no meio de "incircuncisos". Preste atenção para o fato de que o Senhor dos Exércitos não perde o controle da tua vida. E, enquanto Deus te exalta e te alegra com uma grande vitória, ele também precisa que esteja na brecha, que não perca a visão. Nesta terra aí onde Deus te colocou, Deus vai precisar que você seja como Esther. É para clamar. Teu jejum e tua oração aí neste lugar irá fazer um rebuliço.

Sabe porque? O Hamã, a pessoa que está onde você foi colocado, pode pensar que vai envergonhar o povo de Deus. Ele não conhece o Deus desse povo que ele está mexendo. Traduzindo: a pessoa que te persegue ou que persegue os cristãos, que fala mal dos cristãos, talvez no lugar que você trabalha, ou talvez no lugar onde você estuda, ou no lugar onde você mora, a tua rua, no lugar onde Deus te colocou para te dar vitória. É só ficar ligado que o nosso Deus está permitindo que você chegue aí, para no final, depois que você clamar, jejuar, interceder, Deus vai tratar com este Hamã. Porque os projetos que estão no coração deste homem ou desta mulher são perversos para com os justos, porque nasceram nos lugares celestiais da maldade.

Esta pessoa pode não saber, mas se ela deseja prejudicar pessoas, ela não está sendo inspirada por Deus mas pelos espíritos das trevas. "Porque nossa guerra não é contra carne ou sangue."

Ou este Hamã vai ser transformado em uma nova criatura, ou o Senhor vai fazer a ele aquilo que ele está almejando fazer contigo! Você entendeu esta palavra?

Que o Espírito Santo seja com cada um de nós. Améym.

 

segunda-feira, 21 de março de 2022

2 Pedro 2.20 | Falsos mestres e falsos profetas

"Portanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro."

2 Pedro 2.20

Este trecho de 2 Pedro possui paralelo com outras passagens, a ver:

"Ou dizeis que a árvore é boa e o seu fruto, bom, ou dizeis que a árvore é má e o seu fruto, mau; porque pelo fruto se conhece a árvore.

Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.

O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más.

Mas eu voz digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo.

Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado."

(Mateus 12.33-37)

"E quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não encontra. Então diz: Voltarei para a minha casa, donde saí. E, voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada.

Então, vai e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e são os últimos atos desse homem piores do que os princípios. Assim acontecerá também a esta geração má."

(Mateus 12.43-45)

"Portanto, convém-nos atentar, com mais diligência, para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum, nos desviemos delas.

Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição,

Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram;

Testificando também Deus com elas, por sinais, e milagres, e várias maravilhas, e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade?"

(Hebreus 2.1-4)

"Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como na provocação.

Porque, havendo-a alguns ouvido, o provocaram; mas não todos os que saíram do Egito por meio de Moisés.

Mas com quem se indignou por quarenta anos? Não foi, porventura, com os que pecaram, cujos corpos caíram no deserto?

E a quem jurou que não entrariam no seu repouso, senão aos que foram desobedientes?

E vemos que não puderem entrar por causa da sua incredulidade."

(Hebreus 3.15-19)

"Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel para se apartar do Deus vivo."

(Hebreus 3.12) 

Apostasia, aqui em Hebreus 3.12, aparece como verbo (gr. "aphistemi", traduzido "apartar"). O termo grego é definido como decaída, deserção, rebelião, abandono, retirada ou afastar-se daquilo a que antes se estava ligado.

"Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século futuro, e recaíram sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificaram o Filho de Deus e o expõem ao vitupério."

(Hebreus 6.4-6)

"Quando o valente guarda, armando, a sua casa, em segurança está tudo quanto tem.

Mas, sobrevindo outro mais valente do que ele e vencendo-o, tira-lhe toda a armadura em que confiava e reparte os seus despojos.

Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.

Quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos, buscando repouso; e, não o achando, diz: Tornarei para minha casa, de onde saí.

E, chegando, acha-a varrida e adornada.

Então, vai e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele; e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o primeiro."

Lucas 11.21-26

"Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados,

Mas uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários."

(Hebreus 10.26-27)

Louvado seja o Nome do Senhor, por nos advertir a respeito do perigo de sermos novamente vencidos pelas corrupções do mundo. Quais seriam essas corrupções? Podemos começar pelo contexto do capítulo 2, na segunda epístola do apóstolo Pedro, observando sua exortação aos falsos mestres e aos falsos profetas.

Pedro escreveu sobre homens libertos através do conhecimento do Senhor Jesus Cristo, cujas consciências haviam sido transformadas pela Palavra de Deus e cujas vidas haviam sido guiadas e vivificadas pelo Espírito Santo, mergulhadas nas orações. Esses homens inclinaram-se um dia para a busca incessante da verdade, em humildade e amor, desejando a capacitação sobrenatural para andarem em boas obras - não apenas obras ministeriais, que edificam o corpo de Cristo, mas todas aquelas que representavam um novo estilo de vida. No entanto, Pedro observou ao longo do capítulo um profundo desvio da Verdade:

Pedro apontou quais eram os erros mais perceptíveis no seu tempo, citaremos alguns:

1 - Avareza: exploração financeira com palavras fingidas. Mas esses tais serão condenados. (v. 3)

2 - Imoralidade e carnalidade. (v. 10)

3 - Engano: introduziam heresias destruidoras e sofisticadas, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. (v. 1)

4 - Escarneciam da convicção genuína dos fieis. (v.

5 - Promoviam a libertinagem. (v. 2)

6 - Olhos cheios de adultério, insaciáveis para o pecado. (v. 14)

7 - Eram arrogantes e atrevidos. (v. 10)

Pedro recordou a vida de dois justos, Noé e Ló, que mesmo habitando em lugares subvertidos, cheios de violência e imoralidade, não se conformaram, não se moldaram no estilo de vida comum do seu tempo. Pedro recordou que Ló estava enfadado da vida caída que reinava em Sodoma e Gomorra, afligindo sua alma todos os dias com o que ouvia e via.

Pedro estava dizendo que a Igreja não poderia ser novamente envolvida com as corrupções do mundo. Os mestres não deveriam se afastar da vida espiritual; não poderiam andar na carne; não poderiam deixar de olhar para Jesus; não poderiam andar irados ou dominados por práticas pecaminosas; não poderiam ser arrogantes, vaidosos, avarentos. Os mestres deveriam seguir a Deus e não aos seus próprios corações, não poderiam se acostumar com uma vida natural. Não deveriam seguir o caminho de Balaão, buscando ganhos materiais ou honrarias pessoais.

O bom mestre deveria andar no Espírito e debaixo de Revelações de Deus, buscando conhecer a vontade de Deus. Deveria afligir sua alma com a maldade humana, amar a Justiça, usar armas armaduras espirituais, fortalecer sua vida. Deus entregou à Igreja gratuitamente Poder, talentos e condições para buscarem uma vida excelente, o mestre deveria ser o maior exemplo dessa realidade espiritual.

Vejamos que as corrupções do mundo poderiam ser diversas, representadas por todo tipo de obras carnais, conforme Paulo declarou em Gálatas 5: Invejas, disputas dentro da Igreja por cargos e posições, ressentimentos, tristeza pelo sucesso de outro irmão, descontentamento pela benção recebida por outro irmão, ambição por poder dentro da Igreja, glutonarias. Notadamente os pecados sexuais são mais mencionados pelos crentes, mas todo tipo de controle exercido pela natureza humana em contraste com a vida no Espírito não condizem com a santidade.

O Espírito Santo é aquele que opera a boa obra, na qual Deus deseja que o cristão viva. Não se trata de um esforço meramente humano. Jesus, nosso modelo de mestre e de boas obras não fazia nada por si mesmo, ainda que fosse Deus. Jesus esvaziou-se de sua condição divina e se sujeitou como um ser humano. Jesus orava, clamava, jejuava, estudava a Palavra, renunciava ao pecado. Em dependência clamou o revestimento do Espírito Santo para ir para a Cruz, para suportar a realização daquela provação tão dolorosa como padecer pelos pecados da humanidade.

É uma Palavra para a reflexão sobretudo dos profetas e mestres, mas para todos os cristãos igualmente. Bem-aventurados aqueles que ouvem e guardam a Palavra de Deus e alertas com as advertências do Apóstolo Pedro.






sexta-feira, 18 de março de 2022

Gênesis 12.1-3 - A chamada de Deus


 "Ora, o Senhor disse a Abraão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.
E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma benção.
E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra."
(Gênesis 12.1-3)

   
 



Abrão nasceu em Ur dos Caldeus, uma uma importante cidade da Antiga Suméria (atual Iraque). Era um centro urbano da Mesopotâmia, na região que mais tarde tornou-se a Babilônia. Esse império dos sumerianos produziu a famosa Epopeia de Gilgamesh, um conquistador que vira deus, narrando também o episódio do dilúvio. 
  Nessa passagem, quando o Senhor se dirigiu a Abrão, para lhe revelar essa promessa e lhe dar esta direção, Abrão estava morando na terra de Harã. Ele havia se mudado para este lugar junto com sua esposa, Sarai, seu pai, Terá, e o seu sobrinho, Ló. O pai de Ló tinha morrido, chamava-se Harã; o outro irmão de Abrão chamava-se Naor. A família de Abrão era semita; ou seja, descendentes de Sem, um dos filhos de Noé [essa genealogia pode ser verificada no capítulo 11].
  A linhagem de Sem foi numerosa, mas Deus escolheu Abrão para essa chamada. Deus sabia que em 24 anos Abrão seria transformado por essa jornada, tornando-se Abraão. O novo homem seria mais íntimo de Deus após o acúmulo de suas experiências. Suas convicções a respeito de Deus estariam mais solidificadas ao longo dos anos e haveria uma mudança em seu interior.
  Existe um tempo para o cumprimento das promessas de Deus em nossas vidas. Enquanto nada acontece, Deus está nos transformando.
  Deus chamou Abrão para ser uma grande nação, mas sua mulher era estéril. Este casal deveria deixar Harã e dirigir-se para uma terra apontada por Deus e ali gerar um filho. O centro do cumprimento era essa criança. O que nos mostra o quanto aparentemente Abrão estava sendo dirigido por uma ilusão completa. No entanto, cada detalhe era um plano de Deus. Porque a obra é de Deus. E estas fragilidades humanas são para Sua Glória, porque o poder de Deus é a garantia exclusiva da vitória. Quanto mais evidente é a limitação humana maior será a atribuição da conquista para Deus. A obediência à voz de Deus é a única responsabilidade e dever humano.
  Abrão mudaria para outra terra, sem experiência, sem condições de ser pai, sem garantias da viagem ser bem sucedida, sem a menor noção dos desafios que estavam pela frente.
  Isso nos ensina o quanto Deus sabe exatamente quem somos e o quanto as nossas debilidades e incapacidades não impedem aquilo que Deus deseja realizar nas nossas vidas. Não precisamos ter exata compreensão do que Deus vai fazer, como vai fazer. Os propósitos de Deus são mais altos. Se olharmos para nós mesmos não daremos um passo. Mas cada passo que avançamos rompemos em fé, confiando em quem fez a promessa.
  Abrão não conhecia a relevância de seu casamento com aquela mulher estéril teria nas mãos de Deus, nem o quanto a nação que Deus começaria com o filho da promessa representaria uma importante nação no contexto da História da humanidade. Essa nação seria o relógio do mundo.
  Quando Deus nos chama para realizar algo ou nos aponta uma terra diferente, quando promete um filho, quando fala conosco e nos direciona pode aos olhos humanos ter um significado inexpressível para muitos. Mas Isaque é a demonstração do quão maravilhosa era a promessa na vida de Abrão. Isaque nos diz: Parece pequeno o que Deus quer fazer na nossa vida através daquilo que nos prometeu enquanto nenhum projeto de Deus seja. Aquela criança era parte dos planos de Deus para a vinda de Jesus nessa terra e envolvia a revelação da Palavra de Deus ao mundo. 
  Deus estava começando um projeto de salvação para todas as nações através de um casal. Pequenas realizações em nossas vidas podem ser canal de grandes obras nas mãos de Deus. As mudanças em Canaã seriam muito profundas no passar do tempo.
  Canaã foi um dos filhos de Cam. Canaã havia sido amaldiçoado e os seus descendentes povoaram a terra que levou o seu nome. Nessa região o relacionamento com o Deus de Noé não existia mais. E Deus olhou para essa terra e desejou mudar a história do lugar através da ida de Abraão para lá com sua esposa e servos. Mantendo o relacionamento com o Senhor, essa família, ali estabelecida, povoaria o lugar de pessoas conhecedoras do Deus Eterno. Até hoje essa obediência do casal alcança vidas, transformando, curando, restaurando relacionamentos entre Deus e os homens. 
  Não podemos desistir de nossas chamadas porque não são nossas, elas são de Deus. Não podemos largar a caminhada por motivações humanas, como incompreensão do que Deus deseja fazer, limitações, incapacidade, imperfeições ou qualquer coisa semelhante. A honra é exclusivamente de Deus e não temos por que olhar para as nossas qualificações.
  Tanto lugar para Deus enviar Abrão e envia para Canaã. Mas Deus sabia o que estava realizando. 
  Realizações humanas podem atingir grandes êxitos, há muitas pessoas no mundo empreendedoras e bem-sucedidas. Mas os homens direcionados por Deus conseguem vitórias com pesos eternos de Glória.
  Deus deseja ainda levar homens para terras estranhas para mudar histórias de regiões inalcançadas pelo Evangelho. Deus conhece os caminhos para atuar e levar Jesus a ambientes onde a Luz do mundo não brilha. Basta aos vocacionados obedecerem e irem, como fez Abrão. 
  A direção de Deus não possui erros logísticos ou estratégicos. A única condição para Deus realizar seus propósitos nas vidas é a fé. A fé produz confiança na Palavra, produz paciência - porque as coisas não acontecem da noite para o dia. Não é um convite para facilidades, humanamente falando. Sem convicção a respeito da Onisciência divina a pessoa não pode mover-se. É Deus que realiza e ele pode não dar detalhes nos seus esclarecimentos. E quando o milagre acontece, a consciência é real sobre os aspectos espirituais e sobrenaturais do agir de Deus. Nada é possível sem vir diretamente do Onipotente, do Altíssimo, do Eterno. O homem é pequeno e cheio de falhas e limitações, mas o Deus que chama é Grande, Poderoso, Onisciente e Fiel. 

domingo, 13 de março de 2022

Tiago 1.5-7 | Em busca da sabedoria

"Se alguém dentre vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que concede generosamente a todos sem recriminações, e ela ser-lhe-á dada, contanto que peça com , sem duvidar, porque aquele que duvida é semelhante às ondas do mar, impelidas e agitadas pelo vento. Não pense tal pessoa que vai receber alguma coisa do Senhor." 
(Tiago 1.5-7)

   Sabedoria:
  Palavra no original: "σοφἰὰ", "sophia". É a raiz dos termos "sofisticação" ("arte de usar a sabedoria") e "filosofia" ("afeição ou gosto pela sabedoria").
  Significado: habilidade, inteligência, sabedoria.
  Em hebraico o termo utilizado era "חכמה", "chokhmá". 
  Apesar do Novo Testamento ter sido escrito em grego, o autor desse livro era um judeu cristão. Tiago, era irmão de Jesus e líder da Comunidade Messiânica em Jerusalém. Sua cultura, portanto, era judaica. O sentido de "sabedoria" para ele possuía vínculo com o pensamento do Antigo Testamento, que era a bíblia hebraica.
  No Antigo Testamento essa palavra era empregada em quatro sentidos, de acordo com sua ocorrência:
  1. Qualidades intelectuais, como em: "Se invocares a inteligência e chamares o entendimento; se o procurares como o dinheiro e o buscares como um tesouro; então entenderás o temor de Iahweh e encontrarás o conhecimento de Deus. Pois é Iahweh quem dá a sabedoria; de sua boca procedem o conhecimento e o entendimento." (Provérbios 2.3-6)
  Capacidades de acumular o conhecimento, de aprender, de compreensão através da inteligência. Em concordância com Tiago, o trecho incentiva o filho de Deus a buscar entendimento como se busca ouro e prata. A Palavra está comparando a sabedoria com uma riqueza.
  2. Habilidade ou aptidão natural, o domínio de um "saber fazer". Essa palavra foi utilizada em Êxodo 35.10 com esse sentido: "Todos os que forem habilidosos (no original: "chakhmê lev", "sábios de coração") entre vós venham executar o que Iahweh ordenou." Também em Êxodo 35.25: "As mulheres habilidosas ("chakhmat lev", "sábias de coração") traziam o que por suas próprias mãos tinham fiado."
  Seria um dom natural para executar muito bem algo aprendido.
  3. Essa palavra também foi empregada como uma aquisição de virtudes morais ou de experiências de vida. Assim encontramos em Jó 12.12: "com os idosos está a sabedoria, e na abundância de dias, o entendimento." A maturidade proporciona aprendizados através da vivência e possibilita à pessoa a dar bons conselhos sobre o entendimento que ela acumulou com seus anos de vida.
  4. A palavra sabedoria também recebeu o sentido de astúcia ou sagacidade, como em Êxodo 1.10: "Usemos de sabedoria para com o povo de Israel, para que não se multiplique." Nesse trecho o faraó foi astuto para fazer o mal aos israelitas, com a intenção de oprimir o povo.

  Todos esses sentidos para a palavra sabedoria, de acordo com Tiago, podem ser buscados. Deus não deixará de responder uma oração realizada com essa finalidade, é certo que Ele atenderá.
  A Bíblia é um manual de sabedoria. O nosso esforço intelectual para o estudo da Palavra permite:
  ➭ aprendermos as instruções divinas;
  ➭ entendermos quem É Deus e como Ele vê o homem;
  ➭ sabermos qual é o propósito de Deus para a nossa vida;
  ➭ sermos informados a respeito do futuro; 
  ➭ conhecermos os conceitos bíblicos para o amor, a ética, as virtudes morais. 

  Mesmo pescadores analfabetos como Pedro puderam aprender com Jesus. Não é uma questão meramente de estudos através de códigos sofisticados, o acesso está ao alcance de todos. Basta ter o desejo de aprender, e orar com fé.

  Fé:

  Esta é outra palavra central nesta passagem. Tiago afirma que sem fé essa oração, embora certamente respondida, não terá êxito. Aparentemente há uma contradição na passagem de Tiago, uma vez que ele expressou uma condição para algo que acabou de escrever que está ao alcance de todos. 
  A fé genuína é vinda do Pai das Luzes, ela traz uma carga de vida, um fluxo de vida espiritual. Ela produz o desejo de buscar essa sabedoria e a certeza de que Deus nos criou para sermos sábios. Mas não é a sabedoria simplesmente humana, ela não vem com arrogância, não vem com egoísmo, não vem com vã glória. Uma pessoa cheia de fé acumula conhecimento, seja qual for, para a glória de Deus. A pessoa que tem a fé no Salvador está debaixo de uma revelação dos propósitos de Deus com a sua vida. 
  Wathmann Nee foi um evangelista e  líder cristão chinês que escreveu diversos livros. Entre tantas palavras inspiradas, ele escreveu:

"Quando Deus nos revela uma verdade, ela naturalmente de torna uma força em nós."
  Quando oramos por direcionamento em todas as áreas de nossas vidas somos alcançados pelo Conhecimento Perfeito de Deus. Deus sabe aquilo aquilo que está oculto, sabe o melhor caminho, sabe o modo de chegarmos no porto desejado, sabe a solução para nossos problemas, sabe o local no qual devemos ficar e para onde devemos ir. Se alguém precisa de instrução para administrar o cotidiano, a empresa, o lar, os estudos, a vida espiritual, a vida ministerial, a chamada, tudo. Não há limites para a sabedoria de Deus. Deus está sempre além. A fé traz essa dimensão de confiança. A fé traz essa certeza de quem É Deus e de tudo o que Ele pode fazer por nós. A fé testifica em nossos corações o amor de Deus por nós. 
  Hebreus 11 é muito claro quanto a esse respeito. Esse clássico trecho sobre a fé demonstra a confiança dos que receberam de Deus revelações. Abraão recebeu uma chamada e deslocou-se por fé. E foi alcançado pela promessa.
  A pessoa sem fé pode até receber as instruções, mas não irá mover um passo talvez por não acreditar nas Palavras de Deus. Essa pessoa não consegue olhar para Deus como Senhor, Criador, Poderoso, Onisciente. 
  Olhemos para a passagem de Lucas 5. 3-6:

  "Subindo num dos barcos, o de Simão, pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra; depois, sentando-se ensinava do barco às multidões. Quando acabou de falar, disse a Simão: 'Faze-te ao largo; lançai vossas redes para a pesca'. Simão respondeu: 'Mestre, trabalhamos a noite inteira sem nada apanhar; mas, porque mandas, lançarei as redes'. Fizeram isso e apanharam tamanha quantidade de peixes que suas redes se rompiam."

  Deus sabe a necessidade e como atendê-la melhor do que qualquer pessoa. Pedro era pescador, conhecia bem seu ofício, tinha experiência, mesmo assim ouviu o Mestre. A sabedoria vinda do Alto pode chegar até nós por meio sobrenatural como ocorreu com Pedro, ou não. A forma de responder não importa, o que importa é que ela vem. 
  Nosso Deus se alegra em nos encher de sabedoria, Ele nos fez à sua imagem e semelhança. Para finalizar, Deus tanto se alegra em nos dar sabedoria que está escrita uma promessa em Habacuque 2.14:

"Porque a terra será repleta do conhecimento da glória de Iahweh, como as águas cobrem o mar."

  E em Isaias 11.9:

"Ninguém fará o mal nem destruição nenhuma em todo o meu santo monte, porque a terra ficará cheia do conhecimento de Iahweh, como as águas enchem o mar."