domingo, 4 de setembro de 2022

"Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte" (Salmo 23.4)

Mesmo que o Senhor nos conduza a lugares repletos de profundas tribulações, tal como o vale da sombra da morte, diz o salmista que Sua Presença é suficiente para dissipar todo o medo, uma vez que a Luz e a vida estão garantidas na Presença de Deus, por toda a Eternidade.

O vale descrito por Davi era uma região de tormentos e de ser rondado pela morte, segundo está escrito. Um lugar provavelmente sombrio, onde havia riscos de vida. Um lugar de profunda ausência de Deus nos detalhes, pois tudo deveria ser hostil e sem boas pessoas ao redor. Davi estava dizendo que o Senhor Deus - que habita na Luz inacessível - as vezes nos conduzirá em territórios sem nenhuma luminosidade, espiritualmente falando. Nessas horas, deveremos olhar para nós mesmos e fazermos uma avaliação de onde está Deus, porque talvez Sua Presença, aos nossos olhos humanos, não esteja perceptível. O cenário pode ser absolutamente desfavorável e nessas circunstâncias precisamos admitir a necessidade de enxergarmos através da fé, para que essa trajetória não seja tão desconfortável. Não estamos sós, a autoridade do Altíssimo socorre àqueles que são dEle, decretando a proteção e ordenando que a morte fique bem distante.

Davi está dizendo que nem sempre a grama estará verdejante e as águas estarão calmas. Existem rotas difíceis, terrenos secos, vales tenebrosos. Davi referiu-se a um lugar sem vida, uma estrada repleta de perigos, onde a caminhada é solitária e longa e onde o cansaço e o medo são constantes. A sensação nesse caminho é de instabilidade e ausência de certeza de chegar ao outro lado. Porém, Davi colocou-se como uma ovelha guiada pelo Pastor, totalmente consolado pelos sinais de seu cuidado e Amor: a vara e o cajado.

Na tradição judaica, a estrada poderia ser um caminho entre Jerusalém e Jericó. No livro de Jó, a palavra para "sombra da morte" (tsalmaveth) foi empregada com o sentido de morte literal, sepultura, lugar de trevas intensas. O profeta Isaías mencionou a terra da Galileia como sendo um local de "sombra da morte", que seria poderosamente visitada pelo Príncipe da paz:

"Mas para a terra que estava aflita não continuará a escuridão. Deus, nos primeiros tempos, tornou desprezível a terra de Zebulom e a terra de Naftali, mas, nos últimos tempos, tornará glorioso o caminho do mar, além do Jordão, Galileia dos gentios. O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte resplandeceu-lhes a luz." (Isaías 9. 1-2)

Estes dois exemplos citados parecem possuir dois aspectos diferentes, um de morte física e outro de morte espiritual. Mas em ambos conceitos, a realidade é uma só: medo, perigo, morte e trevas. O que faz toda a diferença? O menino que nos nasceu numa manjedoura e nos deu acesso ao Pai da Eternidade, ao Altíssimo, ao Onipotente, Àquele que tem as chaves de Davi - e que quando abre portas, ninguém pode fechar; e que quando as fecha, ninguém consegue abrir. Ele venceu a morte por nós e tem poder para detê-la, pois é o dono de nossos dias.

Quando a nossa vida está diante de Deus e somos direcionados por Ele precisamos sentir essa tranquilidade de Davi e vermos os sinais da Presença de Deus. Não podemos ver esse Pastor face a face, pois ainda é tempo de o vermos por enigmas; mas precisamos crer nos sinais e estarmos sensíveis à Sua Voz e à Sua Presença. Precisamos detectar a origem de nossos temores, porque a fé nos dá paz, a Presença nos acalma a alma, a vara nos direciona e o cajado nos põe no lugar seguro. Nosso Pastor é responsável. Se Ele nos levou para uma terra inóspita, deserta, seca e ameaçadora para nossa existência, Ele está no controle.



sexta-feira, 8 de abril de 2022

Jesus morreu mesmo em uma sexta-feira?


  Claro que a data correta da morte de Jesus não faz diferença, a nível de salvação. Esse dado é apenas relevante quando alguém nos questiona a respeito do sinal apontado por Jesus nesta passagem:


O Sinal de Jonas

"Então alguns dos fariseus e mestres da lei lhe disseram: "Mestre, queremos ver um sinal miraculoso feito por ti." Ele respondeu: "Uma geração perversa e adúltera pede um sinal miraculoso! Mas nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal do profeta Jonas. Pois assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre de um grande peixe, assim o Filho do homem ficará três dias e três noites no coração da terra. Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração e a condenarão; pois eles se arrependeram com a pregação de Jonas, e agora está aqui o que é maior do que Jonas." (Mt 12.38-41)

   Sem um exame minucioso esse trecho aparenta uma razoável contradição; seria impossível a Jesus ter cumprido esse sinal, caso ele tivesse morrido realmente na sexta e ressuscitado no Domingo. No entanto, vamos aos detalhes nas narrativas dos Evangelhos:

  • Primeiro ponto:
  O calendário lunar dos hebreus era, e ainda é, diferente do calendário gregoriano.  A data da Páscoa possui uma regra ligada ao dia da saída do povo no Egito. De acordo com as instruções bíblicas, a Páscoa (Pessach) deveria ser comemorada em 14 de Nissan, o primeiro mês do calendário judaico (Ex 12.18). Todos os anos os judeus comemoram essa festividade exatamente no dia estipulado por Adonai, o que não corresponde aos dias do ano do nosso calendário. 

   Por acaso a preparação da Páscoa judaica em 2022 será realizada numa sexta-feira, dia 15 de Abril do  calendário gregoriano; no calendário judaico eles estarão no dia 14 de Nissan do ano 5782. E o Sábado de Páscoa judaico,15 de Nissan, cairá no Sábado do calendário gregoriano. No entanto, em 2021, a preparação caiu no dia 27 de Março, num sábado; e, o Sábado de Páscoa caiu no domingo.

   Outro fator importante no calendário judaico é que o dia inicia com o pôr-do-sol. Porque para os judeus conta o momento em que a luz do dia se vai, então o dia termina. Sendo assim, os dias começam por volta das 18hrs, diferente dos nossos dias que iniciam após a meia-noite.

  Essa é uma informação indispensável para compreender o que estava acontecendo na ótica e na cultura judaica, na qual nasceu e viveu Jesus.

  • Segundo ponto
    Dito isto, passemos ao "dia da Preparação". Conforme os relatos de Lucas 23.52-54 e Marcos 15.42-43, Jesus morreu no dia da preparação, antes do sábado de Páscoa, pois era um feriado no qual não seria possível fazer o sepultamento.

   "E quando já era tarde, porquanto era o dia da preparação, isto é, a véspera de sábado. Chegou José de Arimateia, senador honrado [membro ilustre do Sinédrio], que também esperava o Reino de Deus, apresentou-se corajosamente a Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus." 

  Este dia da preparação era o dia anterior ao sábado de Páscoa. Cumpre relembrar a possibilidade deste dia não ter sido uma sexta-feira do calendário gregoriano, devemos observar o costume do povo hebreu e não o nosso.

  • Terceiro ponto:
  O dia "após o sábado", foi um dia no qual as mulheres foram fazer compras para a unção do corpo de Jesus, conforme o relato de Marcos 16.1-2:

"E, passado o sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo. E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nasceu do sol."

  Nota-se que elas foram comprar aromas no dia após o sábado da Páscoa, mas esse não era o Domingo. Quando elas se dirigiram ao sepulcro, no primeiro dia da semana, foi que descobriram que Jesus já havia ressuscitado. Logo, são dias diferentes. Lembrando que o domingo dos judeus começa no sábado às 18hrs. O que revela ser impossível elas terem ido no Sábado fazer compras, pois era proibido comprar no feriado. Também não teriam conseguido comprar aromas no Domingo tão cedo, logo ao nascer do Sol. João 20.1 ainda aponta que elas chegaram no sepulcro ainda estava escuro:

"E no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro."

  Não é uma contradição dos textos. Simplesmente, analisando essas informações, se houve um dia após o Sábado de Páscoa no qual elas fizeram compras, não poderia ser o domingo. Era um dia normal da semana corrente, pois neste caso o dia 14 de Nissan caiu num dia da semana comum. Isso é verificado com os trechos seguintes:

"E era o dia da preparação, e amanhecia o sábado. E as mulheres, que tinham vindo com ele da Galileia, seguiram também e viram o sepulcro, e como foi posto o seu corpo. E, voltando elas, prepararam especiarias e unguentos; e no sábado repousaram, conforme o mandamento." (Lc 23.54-56)


  Destarte, fica muito claro que havia um dia livre entre o Sábado de Páscoa e o sábado comum da semana, que só poderia ter sido a sexta-feira. O que forçosamente demonstra que o Sábado de Páscoa do ano da morte de Yeshua foi comemorado numa quinta-feira da semana. E o dia da Preparação foi numa quarta-feira.

   Tendo nosso Senhor Jesus padecido à hora nona do dia da Preparação (três horas da tarde de 14 de Nissan), foi sepultado ainda antes que este dia acabasse; ou seja, antes do romper do sol. 


  

  

sexta-feira, 1 de abril de 2022

Tiago 2.1 | A fé e a acepção de pessoas

"Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da Glória, em acepção de pessoas." (Tg 2.1;)

  Essa carta de Tiago - dirigente de uma sinagoga messiânica em Jerusalém, irmão de Jesus - foi dirigida "às doze tribos que andam dispersas". (Tg 1.1) Essas doze tribos eram formadas por judeus crentes em Yeshua, assim como Tiago, vivendo na Diáspora; ou seja, vivendo fora do território original dos hebreus. 

'Possivelmente Ya'akov [Tiago] estava se dirigindo aos judeus messiânicos que o conheciam pessoalmente em Jerusalém, mas que fugiram da perseguição de Paulo (At 81-3) ou na fuga posterior descrita em At 12 (44 da E.C). No entanto é mais provável que esses fossem judeus já vivendo na Diáspora quando vieram a crer, a quem as palavras de Ya'akov demonstraram sua autoridade como irmão do Senhor e líder da comunidade em Jerusalém. (STERN, 2008, p.789)

  A questão iniciada no capítulo 2 referia-se ao "fazer acepção de pessoas"; ou, em outras traduções, aos "favoritismos". A continuação do texto apontava as razões das advertências: os pobres estavam sendo mal recebidos nas sinagogas [termo utilizado no texto original e traduzido como igrejas] por alguns cristãos [judeus convertidos a Yeshua]. O contexto social da época era de invisibilidade dos socialmente desfavorecidos. Os homens e mulheres pobres que se convertiam, ao que indica essa carta, estavam sofrendo discriminação. Havia privilégios para a camada social possuidora de bens, ação absolutamente contraditória aos ensinamentos de Jesus.

  Lendo o capítulo 15 de Atos, vamos encontrar uma outra discussão acontecendo em Jerusalém, a respeito da discriminação aos gentios que abraçavam a fé e não se circuncidavam. Ao ponto de Barnabé e Paulo viajarem até Jerusalém a fim de ensinarem o que a fé cristã determinava. Paulo testemunhou como Deus estava operando grandes sinais entre os gentios (lembrando que "gentios" era a forma como os não-judeus eram chamados). E Pedro também testemunhou o que aprendera sobre o Espírito Santo ter sido derramado tanto aos judeus como aos gentios.

  Tanto os gentios quanto os judeus convertidos cobravam de Paulo práticas ritualísticas judaicas que os distinguissem. Na visão de mundo pagã, as regras ascéticas, projetavam alguma visibilidade (BROWN, 1990, pp.48-50). O mundo da época se importava com a opinião pública, com o prestígio e com o pertencimento à “casta” superior. E para alguns judeus convertidos os costumes e a cultura estavam muito enraizados. Gálatas 2 informa que o apóstolo Pedro relutou com Paulo quanto ao tratamento dado aos gentios.

  No judaísmo tanto a alma quanto o corpo eram inferiores a Deus e sujeitos à “rebeldia”. O coração (alma) do judeu deveria ser reto, sem fermento (falsidade, hipocrisia), justo, bondoso, inclinado e obediente a Deus, fiel etc. “Deveria ser” aqui implicava em poder não ser; e o judeu possuía um inter-relacionamento interno, um “coração dentro do coração” (BROWN, 1990, pp. 39- 41) . No livro dos Salmos há diálogos do rei Davi com sua alma: “porque estás abatida, ó minha alma? Porque te perturbas em mim?”.  (Salmos 42.5) 

  No paganismo a mentalidade era dual, havia a supremacia da alma sobre o corpo assim como dos “bem-nascidos” sobre os “inferiores” (esposas, escravos e plebeus).  (BROWN, 1990, p. 39) O platonismo defendeu uma alma racional eterna e incriada. O mundo cristão por séculos esteve em debates sobre o significado da alma e do corpo, misturando diferentes tradições (ora judaica, ora pagã); reflexo evidente das culturas nas quais o cristianismo teve origem.

  O mesmo capítulo 15 de Atos informou sobre os ensinos de Tiago acerca dessa exclusão de determinados grupos de convertidos, porque Deus fez de judeus e gentios um único povo. Cabe ressaltar, essa posição é valida para a igreja atual, formada majoritariamente por gentios. O texto deixa claro o quanto os judeus no primeiro século não estavam rejeitando, todos eles, a Palavra. Muitos judeus se converteram. Não podemos generalizar e afirmar que os judeus rejeitaram todos a Jesus. Não podemos assumir uma postura preconceituosa contra ninguém que aceite a Jesus, segundo essa instrução do irmão de Jesus.

  No capítulo 2 da carta de Tiago, o problema não era a circuncisão, era o dinheiro. A mentalidade da época precisava ser regenerada pela lavagem da Palavra. A cultura fora impregnada por mentiras e o Espírito Santo estava usando a Tiago para corrigi-la. A mensagem da Cruz quebrava essas visões de mundo, ela era diferente. Não era possível receber um Espírito de Amor, Puro e Santo, vindo de Deus, e permanecer com um amor parcial. Deus amou o mundo de tal maneira, que enviou Seu Filho, e esse mundo tem muitas nações e povos e línguas e camadas sociais. Não há como aceitar ao Evangelho da Cruz e permanecer escolhendo a quem amar.

  Todos deveriam ter a mesma honra uns perante os outros. Gálatas 3.28 expressou claramente: 

"Porque todos são filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisso não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus."

    Não há espaço para racismo, para preconceito social entre ricos e pobres. Todas as concepções da época, definindo alguns como superiores a outros, deveriam ser abolidas à Luz da Verdade. 

  Para a historiadora Aline Rousselle (s/d, 352, 357, 367-374), a Antiguidade definiu para as mulheres o destino da reprodução. Sua tese sobre a procriação e a continência em Roma nos permitiu conhecer alguns momentos em que a vida feminina também esteve ligada ao prazer sexual dos homens, papel desempenhado por concubinas ou escravas. Os estamentos definiriam quais mulheres seriam bens semoventes (juridicamente comparadas às porcas vendidas em comércio), e quais seriam esposas honradas (proprietárias de escravos e superiores às demais mulheres). Ou seja, a mulher poderia ser dona de um homem, tudo dependeria se ela nasceu rica ou pobre. E para a mulher ser distinta das demais, necessitaria usar vestimentas adequadas, seria cobrada a ser comedida sexualmente (após gerar os filhos suficientes) e a usar o véu (cujo uso era regulado por lei). O aspecto das leis de uso do véu em Roma elucidou o contexto dos conselhos paulinos para que as mulheres de honra tivessem a prudência de usar o véu nos padrões da época.

  Na igreja cristã não deveria ser assim. Se uma mulher escravizada e gentia aceitava a Jesus, ela deveria ser tratada de forma equivalente ao tratamento dispensado aos homens ricos e judeus; ou seja, como amor e dignidade. Pois o Espírito Santo estava presente naquela vida. Deus veio ao mundo e se fez carne por todos os habitantes da terra. Ele não planejava grupos privilegiados para a salvação.

  Os dois vídeos sugeridos no final deste post trouxeram uma reflexão mais pormenorizada e explicada.

Fontes citadas:

BROWN, Peter. De Paulo a Antônio. Em: Corpo e sociedade: o homem, a mulher e a renúncia sexual no início do cristianismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990, pp. 15-180.

ROUSSELLE, Aline. A política dos corpos. Em: História das mulheres: a Antiguidade. Porto: Afrontamento, [s/d], pp. 352-402.

STERN, David H. Comentário Judaico do Novo Testamento. São Paulo: Didática Paulista; Belo Horizonte: Editora Atos, 2008.





terça-feira, 22 de março de 2022

Os mistérios de Deus - Ester 4.13-14

 "Então Mardoqueu mandou que respondessem a Ester: Não imagines no teu íntimo que, por estares na casa do rei, escaparás só tu entre todos os judeus.

Porque, se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento de outra parte sairá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?" (Ester 4:13,14)

Os desígnios de Deus trabalham além de nossa compreensão. A história de Esther falará de um casamento cuja escolha do homem iria servir aos propósitos altos de Deus.

Porque mistério? Porque a união foi um pouco fora dos padrões para uma judia. E porque escapava à Esther o que Deus faria na vida dela através desta união.

Deus não é pego desprevenido. Antes que Hamã pensasse em destruir o povo de Deus, Esther já estava sendo preparada para ser a rainha.

Essa palavra neste dia irá nos dizer, além de outras coisas, que, podem haver momentos em que nossas vidas terão acontecimentos onde nós estaremos como Esther. A nossa condição parecerá que chegou um tempo de vitória, uma porta se abriu, o casamento chegou, a promoção no trabalho aconteceu, a nota do Enem foi suficiente e você passou, você recebeu uma vitória onde você passou por uma seleção.

É mistério de Deus.

Se você chegou até aí, Glórias a Deus! É vitória! É uma conquista. Aleleuia! Mas pode ser que Deus tenha te preparado para este momento não apenas para te dar esta grande alegria. Deus quer te usar.

Deus é quem permite tudo. Talvez o teu casamento tenha sido singular como o de Esther. E nem é impossível que não tenha sido o primeiro casamento do teu esposo exatamente como o dela. Mas esta união não é pra deleite. Não é uma mera história de amor. Há um projeto espiritual neste relacionamento.

Deus te escolheu para uma peleja onde vencerás com tua graça, teu joelho e tua oração.

Ou se alguém que estiver lendo, que não seja uma mulher, mas Deus te colocou no meio de "incircuncisos". Preste atenção para o fato de que o Senhor dos Exércitos não perde o controle da tua vida. E, enquanto Deus te exalta e te alegra com uma grande vitória, ele também precisa que esteja na brecha, que não perca a visão. Nesta terra aí onde Deus te colocou, Deus vai precisar que você seja como Esther. É para clamar. Teu jejum e tua oração aí neste lugar irá fazer um rebuliço.

Sabe porque? O Hamã, a pessoa que está onde você foi colocado, pode pensar que vai envergonhar o povo de Deus. Ele não conhece o Deus desse povo que ele está mexendo. Traduzindo: a pessoa que te persegue ou que persegue os cristãos, que fala mal dos cristãos, talvez no lugar que você trabalha, ou talvez no lugar onde você estuda, ou no lugar onde você mora, a tua rua, no lugar onde Deus te colocou para te dar vitória. É só ficar ligado que o nosso Deus está permitindo que você chegue aí, para no final, depois que você clamar, jejuar, interceder, Deus vai tratar com este Hamã. Porque os projetos que estão no coração deste homem ou desta mulher são perversos para com os justos, porque nasceram nos lugares celestiais da maldade.

Esta pessoa pode não saber, mas se ela deseja prejudicar pessoas, ela não está sendo inspirada por Deus mas pelos espíritos das trevas. "Porque nossa guerra não é contra carne ou sangue."

Ou este Hamã vai ser transformado em uma nova criatura, ou o Senhor vai fazer a ele aquilo que ele está almejando fazer contigo! Você entendeu esta palavra?

Que o Espírito Santo seja com cada um de nós. Améym.

 

segunda-feira, 21 de março de 2022

2 Pedro 2.20 | Falsos mestres e falsos profetas

"Portanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro."

2 Pedro 2.20

Este trecho de 2 Pedro possui paralelo com outras passagens, a ver:

"Ou dizeis que a árvore é boa e o seu fruto, bom, ou dizeis que a árvore é má e o seu fruto, mau; porque pelo fruto se conhece a árvore.

Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.

O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más.

Mas eu voz digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo.

Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado."

(Mateus 12.33-37)

"E quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não encontra. Então diz: Voltarei para a minha casa, donde saí. E, voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada.

Então, vai e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e são os últimos atos desse homem piores do que os princípios. Assim acontecerá também a esta geração má."

(Mateus 12.43-45)

"Portanto, convém-nos atentar, com mais diligência, para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum, nos desviemos delas.

Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição,

Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram;

Testificando também Deus com elas, por sinais, e milagres, e várias maravilhas, e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade?"

(Hebreus 2.1-4)

"Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como na provocação.

Porque, havendo-a alguns ouvido, o provocaram; mas não todos os que saíram do Egito por meio de Moisés.

Mas com quem se indignou por quarenta anos? Não foi, porventura, com os que pecaram, cujos corpos caíram no deserto?

E a quem jurou que não entrariam no seu repouso, senão aos que foram desobedientes?

E vemos que não puderem entrar por causa da sua incredulidade."

(Hebreus 3.15-19)

"Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel para se apartar do Deus vivo."

(Hebreus 3.12) 

Apostasia, aqui em Hebreus 3.12, aparece como verbo (gr. "aphistemi", traduzido "apartar"). O termo grego é definido como decaída, deserção, rebelião, abandono, retirada ou afastar-se daquilo a que antes se estava ligado.

"Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século futuro, e recaíram sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificaram o Filho de Deus e o expõem ao vitupério."

(Hebreus 6.4-6)

"Quando o valente guarda, armando, a sua casa, em segurança está tudo quanto tem.

Mas, sobrevindo outro mais valente do que ele e vencendo-o, tira-lhe toda a armadura em que confiava e reparte os seus despojos.

Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.

Quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos, buscando repouso; e, não o achando, diz: Tornarei para minha casa, de onde saí.

E, chegando, acha-a varrida e adornada.

Então, vai e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele; e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o primeiro."

Lucas 11.21-26

"Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados,

Mas uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários."

(Hebreus 10.26-27)

Louvado seja o Nome do Senhor, por nos advertir a respeito do perigo de sermos novamente vencidos pelas corrupções do mundo. Quais seriam essas corrupções? Podemos começar pelo contexto do capítulo 2, na segunda epístola do apóstolo Pedro, observando sua exortação aos falsos mestres e aos falsos profetas.

Pedro escreveu sobre homens libertos através do conhecimento do Senhor Jesus Cristo, cujas consciências haviam sido transformadas pela Palavra de Deus e cujas vidas haviam sido guiadas e vivificadas pelo Espírito Santo, mergulhadas nas orações. Esses homens inclinaram-se um dia para a busca incessante da verdade, em humildade e amor, desejando a capacitação sobrenatural para andarem em boas obras - não apenas obras ministeriais, que edificam o corpo de Cristo, mas todas aquelas que representavam um novo estilo de vida. No entanto, Pedro observou ao longo do capítulo um profundo desvio da Verdade:

Pedro apontou quais eram os erros mais perceptíveis no seu tempo, citaremos alguns:

1 - Avareza: exploração financeira com palavras fingidas. Mas esses tais serão condenados. (v. 3)

2 - Imoralidade e carnalidade. (v. 10)

3 - Engano: introduziam heresias destruidoras e sofisticadas, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. (v. 1)

4 - Escarneciam da convicção genuína dos fieis. (v.

5 - Promoviam a libertinagem. (v. 2)

6 - Olhos cheios de adultério, insaciáveis para o pecado. (v. 14)

7 - Eram arrogantes e atrevidos. (v. 10)

Pedro recordou a vida de dois justos, Noé e Ló, que mesmo habitando em lugares subvertidos, cheios de violência e imoralidade, não se conformaram, não se moldaram no estilo de vida comum do seu tempo. Pedro recordou que Ló estava enfadado da vida caída que reinava em Sodoma e Gomorra, afligindo sua alma todos os dias com o que ouvia e via.

Pedro estava dizendo que a Igreja não poderia ser novamente envolvida com as corrupções do mundo. Os mestres não deveriam se afastar da vida espiritual; não poderiam andar na carne; não poderiam deixar de olhar para Jesus; não poderiam andar irados ou dominados por práticas pecaminosas; não poderiam ser arrogantes, vaidosos, avarentos. Os mestres deveriam seguir a Deus e não aos seus próprios corações, não poderiam se acostumar com uma vida natural. Não deveriam seguir o caminho de Balaão, buscando ganhos materiais ou honrarias pessoais.

O bom mestre deveria andar no Espírito e debaixo de Revelações de Deus, buscando conhecer a vontade de Deus. Deveria afligir sua alma com a maldade humana, amar a Justiça, usar armas armaduras espirituais, fortalecer sua vida. Deus entregou à Igreja gratuitamente Poder, talentos e condições para buscarem uma vida excelente, o mestre deveria ser o maior exemplo dessa realidade espiritual.

Vejamos que as corrupções do mundo poderiam ser diversas, representadas por todo tipo de obras carnais, conforme Paulo declarou em Gálatas 5: Invejas, disputas dentro da Igreja por cargos e posições, ressentimentos, tristeza pelo sucesso de outro irmão, descontentamento pela benção recebida por outro irmão, ambição por poder dentro da Igreja, glutonarias. Notadamente os pecados sexuais são mais mencionados pelos crentes, mas todo tipo de controle exercido pela natureza humana em contraste com a vida no Espírito não condizem com a santidade.

O Espírito Santo é aquele que opera a boa obra, na qual Deus deseja que o cristão viva. Não se trata de um esforço meramente humano. Jesus, nosso modelo de mestre e de boas obras não fazia nada por si mesmo, ainda que fosse Deus. Jesus esvaziou-se de sua condição divina e se sujeitou como um ser humano. Jesus orava, clamava, jejuava, estudava a Palavra, renunciava ao pecado. Em dependência clamou o revestimento do Espírito Santo para ir para a Cruz, para suportar a realização daquela provação tão dolorosa como padecer pelos pecados da humanidade.

É uma Palavra para a reflexão sobretudo dos profetas e mestres, mas para todos os cristãos igualmente. Bem-aventurados aqueles que ouvem e guardam a Palavra de Deus e alertas com as advertências do Apóstolo Pedro.






sexta-feira, 18 de março de 2022

Gênesis 12.1-3 - A chamada de Deus


 "Ora, o Senhor disse a Abraão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.
E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma benção.
E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra."
(Gênesis 12.1-3)

   
 



Abrão nasceu em Ur dos Caldeus, uma uma importante cidade da Antiga Suméria (atual Iraque). Era um centro urbano da Mesopotâmia, na região que mais tarde tornou-se a Babilônia. Esse império dos sumerianos produziu a famosa Epopeia de Gilgamesh, um conquistador que vira deus, narrando também o episódio do dilúvio. 
  Nessa passagem, quando o Senhor se dirigiu a Abrão, para lhe revelar essa promessa e lhe dar esta direção, Abrão estava morando na terra de Harã. Ele havia se mudado para este lugar junto com sua esposa, Sarai, seu pai, Terá, e o seu sobrinho, Ló. O pai de Ló tinha morrido, chamava-se Harã; o outro irmão de Abrão chamava-se Naor. A família de Abrão era semita; ou seja, descendentes de Sem, um dos filhos de Noé [essa genealogia pode ser verificada no capítulo 11].
  A linhagem de Sem foi numerosa, mas Deus escolheu Abrão para essa chamada. Deus sabia que em 24 anos Abrão seria transformado por essa jornada, tornando-se Abraão. O novo homem seria mais íntimo de Deus após o acúmulo de suas experiências. Suas convicções a respeito de Deus estariam mais solidificadas ao longo dos anos e haveria uma mudança em seu interior.
  Existe um tempo para o cumprimento das promessas de Deus em nossas vidas. Enquanto nada acontece, Deus está nos transformando.
  Deus chamou Abrão para ser uma grande nação, mas sua mulher era estéril. Este casal deveria deixar Harã e dirigir-se para uma terra apontada por Deus e ali gerar um filho. O centro do cumprimento era essa criança. O que nos mostra o quanto aparentemente Abrão estava sendo dirigido por uma ilusão completa. No entanto, cada detalhe era um plano de Deus. Porque a obra é de Deus. E estas fragilidades humanas são para Sua Glória, porque o poder de Deus é a garantia exclusiva da vitória. Quanto mais evidente é a limitação humana maior será a atribuição da conquista para Deus. A obediência à voz de Deus é a única responsabilidade e dever humano.
  Abrão mudaria para outra terra, sem experiência, sem condições de ser pai, sem garantias da viagem ser bem sucedida, sem a menor noção dos desafios que estavam pela frente.
  Isso nos ensina o quanto Deus sabe exatamente quem somos e o quanto as nossas debilidades e incapacidades não impedem aquilo que Deus deseja realizar nas nossas vidas. Não precisamos ter exata compreensão do que Deus vai fazer, como vai fazer. Os propósitos de Deus são mais altos. Se olharmos para nós mesmos não daremos um passo. Mas cada passo que avançamos rompemos em fé, confiando em quem fez a promessa.
  Abrão não conhecia a relevância de seu casamento com aquela mulher estéril teria nas mãos de Deus, nem o quanto a nação que Deus começaria com o filho da promessa representaria uma importante nação no contexto da História da humanidade. Essa nação seria o relógio do mundo.
  Quando Deus nos chama para realizar algo ou nos aponta uma terra diferente, quando promete um filho, quando fala conosco e nos direciona pode aos olhos humanos ter um significado inexpressível para muitos. Mas Isaque é a demonstração do quão maravilhosa era a promessa na vida de Abrão. Isaque nos diz: Parece pequeno o que Deus quer fazer na nossa vida através daquilo que nos prometeu enquanto nenhum projeto de Deus seja. Aquela criança era parte dos planos de Deus para a vinda de Jesus nessa terra e envolvia a revelação da Palavra de Deus ao mundo. 
  Deus estava começando um projeto de salvação para todas as nações através de um casal. Pequenas realizações em nossas vidas podem ser canal de grandes obras nas mãos de Deus. As mudanças em Canaã seriam muito profundas no passar do tempo.
  Canaã foi um dos filhos de Cam. Canaã havia sido amaldiçoado e os seus descendentes povoaram a terra que levou o seu nome. Nessa região o relacionamento com o Deus de Noé não existia mais. E Deus olhou para essa terra e desejou mudar a história do lugar através da ida de Abraão para lá com sua esposa e servos. Mantendo o relacionamento com o Senhor, essa família, ali estabelecida, povoaria o lugar de pessoas conhecedoras do Deus Eterno. Até hoje essa obediência do casal alcança vidas, transformando, curando, restaurando relacionamentos entre Deus e os homens. 
  Não podemos desistir de nossas chamadas porque não são nossas, elas são de Deus. Não podemos largar a caminhada por motivações humanas, como incompreensão do que Deus deseja fazer, limitações, incapacidade, imperfeições ou qualquer coisa semelhante. A honra é exclusivamente de Deus e não temos por que olhar para as nossas qualificações.
  Tanto lugar para Deus enviar Abrão e envia para Canaã. Mas Deus sabia o que estava realizando. 
  Realizações humanas podem atingir grandes êxitos, há muitas pessoas no mundo empreendedoras e bem-sucedidas. Mas os homens direcionados por Deus conseguem vitórias com pesos eternos de Glória.
  Deus deseja ainda levar homens para terras estranhas para mudar histórias de regiões inalcançadas pelo Evangelho. Deus conhece os caminhos para atuar e levar Jesus a ambientes onde a Luz do mundo não brilha. Basta aos vocacionados obedecerem e irem, como fez Abrão. 
  A direção de Deus não possui erros logísticos ou estratégicos. A única condição para Deus realizar seus propósitos nas vidas é a fé. A fé produz confiança na Palavra, produz paciência - porque as coisas não acontecem da noite para o dia. Não é um convite para facilidades, humanamente falando. Sem convicção a respeito da Onisciência divina a pessoa não pode mover-se. É Deus que realiza e ele pode não dar detalhes nos seus esclarecimentos. E quando o milagre acontece, a consciência é real sobre os aspectos espirituais e sobrenaturais do agir de Deus. Nada é possível sem vir diretamente do Onipotente, do Altíssimo, do Eterno. O homem é pequeno e cheio de falhas e limitações, mas o Deus que chama é Grande, Poderoso, Onisciente e Fiel. 

domingo, 13 de março de 2022

Tiago 1.5-7 | Em busca da sabedoria

"Se alguém dentre vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que concede generosamente a todos sem recriminações, e ela ser-lhe-á dada, contanto que peça com , sem duvidar, porque aquele que duvida é semelhante às ondas do mar, impelidas e agitadas pelo vento. Não pense tal pessoa que vai receber alguma coisa do Senhor." 
(Tiago 1.5-7)

   Sabedoria:
  Palavra no original: "σοφἰὰ", "sophia". É a raiz dos termos "sofisticação" ("arte de usar a sabedoria") e "filosofia" ("afeição ou gosto pela sabedoria").
  Significado: habilidade, inteligência, sabedoria.
  Em hebraico o termo utilizado era "חכמה", "chokhmá". 
  Apesar do Novo Testamento ter sido escrito em grego, o autor desse livro era um judeu cristão. Tiago, era irmão de Jesus e líder da Comunidade Messiânica em Jerusalém. Sua cultura, portanto, era judaica. O sentido de "sabedoria" para ele possuía vínculo com o pensamento do Antigo Testamento, que era a bíblia hebraica.
  No Antigo Testamento essa palavra era empregada em quatro sentidos, de acordo com sua ocorrência:
  1. Qualidades intelectuais, como em: "Se invocares a inteligência e chamares o entendimento; se o procurares como o dinheiro e o buscares como um tesouro; então entenderás o temor de Iahweh e encontrarás o conhecimento de Deus. Pois é Iahweh quem dá a sabedoria; de sua boca procedem o conhecimento e o entendimento." (Provérbios 2.3-6)
  Capacidades de acumular o conhecimento, de aprender, de compreensão através da inteligência. Em concordância com Tiago, o trecho incentiva o filho de Deus a buscar entendimento como se busca ouro e prata. A Palavra está comparando a sabedoria com uma riqueza.
  2. Habilidade ou aptidão natural, o domínio de um "saber fazer". Essa palavra foi utilizada em Êxodo 35.10 com esse sentido: "Todos os que forem habilidosos (no original: "chakhmê lev", "sábios de coração") entre vós venham executar o que Iahweh ordenou." Também em Êxodo 35.25: "As mulheres habilidosas ("chakhmat lev", "sábias de coração") traziam o que por suas próprias mãos tinham fiado."
  Seria um dom natural para executar muito bem algo aprendido.
  3. Essa palavra também foi empregada como uma aquisição de virtudes morais ou de experiências de vida. Assim encontramos em Jó 12.12: "com os idosos está a sabedoria, e na abundância de dias, o entendimento." A maturidade proporciona aprendizados através da vivência e possibilita à pessoa a dar bons conselhos sobre o entendimento que ela acumulou com seus anos de vida.
  4. A palavra sabedoria também recebeu o sentido de astúcia ou sagacidade, como em Êxodo 1.10: "Usemos de sabedoria para com o povo de Israel, para que não se multiplique." Nesse trecho o faraó foi astuto para fazer o mal aos israelitas, com a intenção de oprimir o povo.

  Todos esses sentidos para a palavra sabedoria, de acordo com Tiago, podem ser buscados. Deus não deixará de responder uma oração realizada com essa finalidade, é certo que Ele atenderá.
  A Bíblia é um manual de sabedoria. O nosso esforço intelectual para o estudo da Palavra permite:
  ➭ aprendermos as instruções divinas;
  ➭ entendermos quem É Deus e como Ele vê o homem;
  ➭ sabermos qual é o propósito de Deus para a nossa vida;
  ➭ sermos informados a respeito do futuro; 
  ➭ conhecermos os conceitos bíblicos para o amor, a ética, as virtudes morais. 

  Mesmo pescadores analfabetos como Pedro puderam aprender com Jesus. Não é uma questão meramente de estudos através de códigos sofisticados, o acesso está ao alcance de todos. Basta ter o desejo de aprender, e orar com fé.

  Fé:

  Esta é outra palavra central nesta passagem. Tiago afirma que sem fé essa oração, embora certamente respondida, não terá êxito. Aparentemente há uma contradição na passagem de Tiago, uma vez que ele expressou uma condição para algo que acabou de escrever que está ao alcance de todos. 
  A fé genuína é vinda do Pai das Luzes, ela traz uma carga de vida, um fluxo de vida espiritual. Ela produz o desejo de buscar essa sabedoria e a certeza de que Deus nos criou para sermos sábios. Mas não é a sabedoria simplesmente humana, ela não vem com arrogância, não vem com egoísmo, não vem com vã glória. Uma pessoa cheia de fé acumula conhecimento, seja qual for, para a glória de Deus. A pessoa que tem a fé no Salvador está debaixo de uma revelação dos propósitos de Deus com a sua vida. 
  Wathmann Nee foi um evangelista e  líder cristão chinês que escreveu diversos livros. Entre tantas palavras inspiradas, ele escreveu:

"Quando Deus nos revela uma verdade, ela naturalmente de torna uma força em nós."
  Quando oramos por direcionamento em todas as áreas de nossas vidas somos alcançados pelo Conhecimento Perfeito de Deus. Deus sabe aquilo aquilo que está oculto, sabe o melhor caminho, sabe o modo de chegarmos no porto desejado, sabe a solução para nossos problemas, sabe o local no qual devemos ficar e para onde devemos ir. Se alguém precisa de instrução para administrar o cotidiano, a empresa, o lar, os estudos, a vida espiritual, a vida ministerial, a chamada, tudo. Não há limites para a sabedoria de Deus. Deus está sempre além. A fé traz essa dimensão de confiança. A fé traz essa certeza de quem É Deus e de tudo o que Ele pode fazer por nós. A fé testifica em nossos corações o amor de Deus por nós. 
  Hebreus 11 é muito claro quanto a esse respeito. Esse clássico trecho sobre a fé demonstra a confiança dos que receberam de Deus revelações. Abraão recebeu uma chamada e deslocou-se por fé. E foi alcançado pela promessa.
  A pessoa sem fé pode até receber as instruções, mas não irá mover um passo talvez por não acreditar nas Palavras de Deus. Essa pessoa não consegue olhar para Deus como Senhor, Criador, Poderoso, Onisciente. 
  Olhemos para a passagem de Lucas 5. 3-6:

  "Subindo num dos barcos, o de Simão, pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra; depois, sentando-se ensinava do barco às multidões. Quando acabou de falar, disse a Simão: 'Faze-te ao largo; lançai vossas redes para a pesca'. Simão respondeu: 'Mestre, trabalhamos a noite inteira sem nada apanhar; mas, porque mandas, lançarei as redes'. Fizeram isso e apanharam tamanha quantidade de peixes que suas redes se rompiam."

  Deus sabe a necessidade e como atendê-la melhor do que qualquer pessoa. Pedro era pescador, conhecia bem seu ofício, tinha experiência, mesmo assim ouviu o Mestre. A sabedoria vinda do Alto pode chegar até nós por meio sobrenatural como ocorreu com Pedro, ou não. A forma de responder não importa, o que importa é que ela vem. 
  Nosso Deus se alegra em nos encher de sabedoria, Ele nos fez à sua imagem e semelhança. Para finalizar, Deus tanto se alegra em nos dar sabedoria que está escrita uma promessa em Habacuque 2.14:

"Porque a terra será repleta do conhecimento da glória de Iahweh, como as águas cobrem o mar."

  E em Isaias 11.9:

"Ninguém fará o mal nem destruição nenhuma em todo o meu santo monte, porque a terra ficará cheia do conhecimento de Iahweh, como as águas enchem o mar."

  

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Estudo sobre Levítico (Vayicrá)

Em hebraico o título foi tirado da primeira palavra escrita no livro: Vayicrá, que significa "E chamou". “Levítico” deriva da tradução grega e latina desta obra: Leuitikon. Era um manual para os serviços sacerdotais, cuja especificidade estava ligada ao Tabernáculo descrito no livro de Êxodo, mas também abrangia todo o Israel. 

É o terceiro livro do Pentateuco - nome dos cinco primeiros livros da Bíblia cristã, correspondente aos cinco livros da Torá judaica. Torá significa "Lei", "Instrução", "Ensino".  

Autor: Moisés, a expressão “disse o Senhor a Moisés” aparece 56 vezes.  

O versículo a seguir apontou para o respeito de Jesus pela escritura do Antigo Testamento, atribuindo a autoria do livro a Moisés e citando uma norma levítica (Lv 14.1-32):

“Disse-lhe então Jesus: Olha, não o digas a alguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.” (Mateus 8.4). 

Este livro foi escrito aproximadamente em 1445 a.C., durante os dois meses entre o término do Tabernáculo (Ex. 40.17) e a partida de Israel do Monte Sinai (Nm 10.11 ). Neste momento, Moisés foi chamado para receber as instruções referentes às ofertas (korbanot, prural de korban). Ofertas nos ensinam sobre o que é adoração e a forma como devemos adorar a Deus. 

Por Plate X. The S.S. Teacher's Edition: The Holy Bible.
New York: Henry Frowde, Publisher to the University
of Oxford, 1896. Domínio público,
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=721090

O livro anterior ao Levítico, Êxodo, trouxe as informações concernentes à libertação dos israelitas no Egito, ao recebimento da Lei (Torá) e à construção do Tabernáculo segundo os modelos que Deus havia determinado. No final do Livro de Êxodo, após o término da construção do Tabernáculo, Deus se manifestou com Sua Glória. 

Levítico tratou da relevância de uma educação sobre a santidade de Deus e a responsabilidade de cada indivíduo para viver uma vida separada. 

Santidade (hebr. Kedushah) é uma palavra chave para o livro e a palavra santo (qadosh: separado, dedicado a propósitos excelentes, sagrado, limpo, puro, moralmente reto, justo) aparece mais de oitenta vezes. 

 “Fala a toda a congregação de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou Santo.” (Lv 19.2)

Deus é completamente Santo em sua natureza, motivos, pensamentos, palavras, obras e em seu relacionamento de amor com os homens. É isento de pecados e perfeitamente justo.

A decisão de Deus castigar com a morte os pecadores precede da sua justiça e do seu zelo por suas criaturas. 

“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm 6.23). 

A ira de Deus sobre o pecado e a iniquidade é um atributo intrínseco do Criador. Trata-se da expressão de sua bondade e amor em relação à justiça: 

“Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.” (Rm 1.18). 

“Mas do Filho diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu reino. Amaste a justiça e aborreceste a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros”. (Hb 1.8-9) 

“Por isso, o Senhor vigiou sobre o mal e o trouxe sobre nós; porque justo é o Senhor, nosso Deus, em todas as suas obras, que fez, pois não obedecemos a sua voz.” (Dn 9.14). 

Deus é Fiel, Ele cumpre tanto as suas promessas quanto as suas advertências: 

“Ainda que sejamos infiéis, Ele é Fiel, não pode negar-se a si mesmo.” (2Tm 2.13). 

“A tua misericórdia, Senhor, está nos céus, e a tua fidelidade chega até as mais excelsas nuvens. A tua justiça é como as grandes montanhas (...) Quão preciosa é, ó Deus, a tua benignidade. E por isso os filhos dos homens se abrigam à sombra das tuas asas. Eles se afastarão da gordura da tua casa, e os farás beber da corrente das tuas delícias; porque em ti está o manancial da vida, na tua luz veremos a luz.” (Sl 36.5-9) 

O livro de Levítico fala a respeito de servir a um Deus que é Santo e explica as funções dos ministros do Tabernáculo. Também revela como um povo imperfeito pode servir a um Deus Santo, como pode ser recebido por Deus mediante um Sumo Sacerdote e como pode viver os relacionamentos cotidianos em santidade. 

A santificação é um todo: alimentação; relacionamentos sociais; vida profissional, conjugal, financeira e espiritual. E a busca pela santidade é uma exigência divina. O estado de Deus é de santidade absoluta, perfeita; em nós ela é relativa. 

“Porque Eu Sou o Senhor vosso Deus; portanto vós vos santificareis e sereis santos, porque eu sou santo; e não contaminareis a vossa alma por nenhum réptil que arrasta sobre a terra. Porque eu sou o Senhor que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus, e para que sejais santos; porque Eu Sou Santo.” (Lv 11.44-45) 

A Igreja de Jesus Cristo tem um Deus que a fez sair da escravidão das trevas e da ignorância, Paulo escreveu em Efésios: 

“Porque outrora vocês eram trevas, mas agora são luz no Senhor. Vivam como filhos da luz, pois o fruto da luz consiste em toda bondade, justiça e verdade; e aprendam a discernir o que é agradável ao Senhor. Não participem das obras infrutíferas das trevas; antes, exponham-nas à luz.” (Ef 5.8-11) 

“E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência; Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos).” (Ef 2.1-5)

Através da chamada de Moisés Deus anunciou os seus propósitos àquela geração. Assim como eles a igreja de Jesus Cristo também é convocada para andar em novidade de vida:

"De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; pra que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida."(Rm 6.4)

 “Porque somos criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas”. (Ef 2.10). 

Deus é a Verdade, porque é absolutamente fidedigno e sincero em tudo o que diz e faz; não existe falsidade em Deus, ou mentira, ou interesse, ou vaidade. Tudo o que Deus diz é honesto, bom e não há engano algum. Deus é paciente e lento em se irar. É compassivo e concede a todos a oportunidade de se arrependerem e serem salvos. Quando Deus decreta um concerto ele não o executa imediatamente. Ainda que tivesse razão para isso, dá tempo para que cada um possa analisar seus erros e voltar atrás.

 “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a se arrepender.” (2 Pe 3.9)

Deus é misericordioso e clemente, amoroso, compassivo. Sente tristeza pelos sofrimentos das pessoas, é pura compaixão pelos oprimidos, cativos, doentes, pobres, cegos, pelos que se desviam dEle. Tamanha foi sua dor com os caminhos humanos que enviou o Seu Filho para perdão dos pecados e salvação. Deus é amor, um amor infinito, um amor puro, um amor eterno; que possuiu uma profundidade tal que nosso entendimento não consegue alcançar, pois está escrito que excede todo entendimento. E não ama de palavras, pois provou seu grande amor indo para a cruz, Ele foi até o fim por nós. Ele se entregou no lugar dos pecados como uma ovelha muda. 

“Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.” (Isaias 53.7) 

“E o lugar da Escritura que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro; e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, assim não abriu a sua boca.” (At 8.32) 

Deus é diferente independe de sua criação, seu ser e sua existência são infinitamente maiores e mais elevados do que a ordem por Ele criada. 

Elementos para a santificação: 

1. A Palavra 

“Santifica-os na Tua Verdade, a Tua Palavra é a Verdade.” (Jo 17.17) 

“A Tua Palavra é a Verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre.” (Sl 119.160) 

“Guardai os meus estatutos e cumpri-os. Eu Sou o Senhor, que vos santifico. Guardai, pois, todos os meus estatutos e todos os meus juízos e cumpri-os, para que não vos vomite a terra para a qual vos levo para habitares nela.” (Lv 20. 8,22) 

“Fareis segundo os meus juízos e os meus estatutos guardareis, para andares neles. Eu sou o Senhor, vosso Deus, Portanto os meus estatutos e os meus juízos guardareis; cumprindo-os, o homem viverá por eles. Eu sou o Senhor. Porém, vós guardareis meus estatutos e os meus juízos, e nenhuma destas abominações fareis, nem o natural, nem o estrangeiro que peregrina entre vós.” (Lv 18. 4,5,26)

“Guardareis os meus estatutos e todos os meus juízos e os cumprireis. Eu Sou o Senhor.” (L 19.37)

“Observai os meus estatutos, guardai os meus juízos e cumpri-os; assim, habitareis seguros na terra.” (Lv 25.18) 

“Mas, se não me ouvirdes e não cumprirdes todos estes mandamentos, se rejeitardes os meus estatutos, e a vossa alma se aborrecer dos meus juízos, a ponto de não cumprir todos os meus mandamentos, e violardes a minha aliança, então, eu vos farei isto: porei sobre vós terror, a tísica e a febre ardente, que fazem desaparecer o lustre dos olhos e definhar a vida; e semeareis debalde a vossa semente, porque os vossos inimigos a comerão. Voltar-me-ei contra vós outros, e sereis feridos diante de seus inimigos; os que vos aborrecem assenhorar-se-ão de vós e fugireis, sem ninguém vos perseguir. Se ainda assim com isto não me ouvirdes, tornarei a castigar-vos sete vezes mais por causa dos vossos pecados.” (Lv 26.14-18)

 2. A unção sacerdotal: 

“Nem saireis da porta da tenda da congregação, para que não morrais; porque está sobre vós o azeite da unção do Senhor. E fizeram conforme a palavra de Moisés.” (Lv 10.7) 

“E o sumo sacerdote entre seus irmãos, sobre cuja cabeça foi derramado o azeite da unção e que foi sagrado para vestir as vestes, não descobrirá a cabeça nem rasgará as suas vestes. Nem sairá do santuário do seu Deus, pois a coroa do azeite da unção do seu Deus está sobre ele. Eu sou o Senhor.” (Lv 21.10- 12) 

“O Espírito Sato é sobre mim, pois me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração.” (Lc 4.18) 

3. O Sangue 

“Tendo, pois, ousadia para entrarmos no santuário, pelo sangue de Jesus.” (Hb 10.19) 

“E o sacerdote tomará do sangue da oferta pela expiação da culpa e o sacerdote o porá sobre a ponta da orelha direita daquele que tem que purificar-se e sobre o dedo polegar da sua mão direita, e no dedo polegar do seu pé direito.” (Lv 14.14) 

“E daquele sangue espargirá sobre ele com o seu dedo sete vezes, e o purificará das imundícias dos filhos de Israel, e o santificará.” (Lv 16.19) 

“Mas, se andarmos na Luz, como Ele na Luz está, temos comunhão uns com os outros, e os sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” (1Jo 1.7) 

4. O culto a Deus 

“E quando sacrificardes sacrifícios pacíficos do Senhor, da vossa própria vontade o sacrificareis.” (Lv 19.5) 

“E, quando sacrificardes sacrifícios de louvores ao Senhor, o sacrificareis de vossa vontade.” (Lv 22.29)

Nem todo culto Deus recebe, há um padrão de Deus. O culto prestado pelo adorador mostra o conhecimento que ele possui acerca de Deus e a importância que este dá a pessoa de Deus. Cultuar a Deus requer racionalidade e espontaneidade. Deus não deseja pessoas oferendo nada por vã glória, por vaidade, para agradar as pessoas, por interesse ou por pressão. Deus deseja intimidade, amor, sinceridade e voluntariedade. O verdadeiro culto é prestado de dentro para fora, para Deus e não para os homens. 

Alimentação: 

Deus dava uma aula alimentar que garantia a seu povo uma vida saudável proveniente de uma alimentação separada. A base dessa alimentação era CEREAIS, VEGETAIS E FRUTAS. E o povo só podia comer carne vermelha 3 vezes ao mês, preferindo as carnes brancas. 

Santificação é uma separação: 

“Assim, separareis os filhos de Israel de suas imundícias, para que não morram nas suas imundícias, contaminando o meu tabernáculo, que está no meio deles.” (Lv 15.31). 

PURIFICAÇÃO - SEPARAÇÃO - DEDICAÇÃO - USO

Quando o sacerdote entrava no Tabernáculo primeiro ele dava o sacrifício de arrependimento, se lavava na pia, estava vestido com vestes separadas e depois ele se dedicava ao serviço. Ninguém poderia servir a Deus de qualquer maneira. Da mesma forma a Igreja do Deus vivo possui uma chamada sacerdotal de santificação e serviço para o Reino de Deus. 

“Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual, e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” (1Pe 2.5) 

“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz.” (1Pe 2.9) 

Jesus é o Salvador de todos independente do nível social e seu sacrifício foi suficiente e superior a todos os sacrifícios de animais. Ele morreu no nosso lugar e por causa dos nossos pecados. 

“Mas, se a sua mão não alcançar assaz para um cordeiro, então, tomará duas rolas ou dois pombinhos, um para holocausto e outro para a expiação do pecado; assim, o sacerdote por ela fará expiação, e será limpa.” (Lv 12.8) 

Bois, carneiros e bodes eram ofertas de ricos e pombas e rolinhas eram ofertas dos mais pobres. Os sacrifícios anunciavam a vinda de Jesus:

Boi – Jesus o servo (trabalhou para os homens em sua vida e alimentou o homem com sua morte, sua carne). 

Cordeiro – “No dia seguinte, João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: “Eis aí o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” (Jo 1.29) 

Bode – Jesus o cabeça (a força dos bodes está na cabeça e a força da Igreja é o cabeça da igreja, Jesus Cristo). 

Pomba e rolinhas – pureza. 

Quem matava era o ofertante, tendo pecado, porque foram os nossos pecados que mataram a Jesus. O sangue era aspergido nos quatro cantos do altar. 

“E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora chegada está a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante de Deus os acusava de dia e de noite. E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram a sua vida até a morte.” (Ap 12.10-11) 

“E que havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconcilia-se consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus.” (Cl 1.20) 

“Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um, e derribando a parede de separação que estava no meio, na carne, desfez a iniquidade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela crus reconciliar a ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades.” (Ef 2.14-16) 

“E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque depois de haver dito: Este é o concerto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor. Porei as minhas leis no seu coração e as escreverei no seu entendimento, acrescenta: Jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades.” (Hb 10.15-17)

Ofertas de manjares – cereais. Flor de farinha era uma farinha de boa qualidade e sem fermento. A oferta não deveria ter fermento e nem mel, significando gratidão sem malícia ou alegria momentânea. Porque o mel alegra rapidamente e logo passa; e o fermento engana, pois aumenta o tamanho real da massa, simbolizando a mentira e a falsidade. Deus tinha prazer nas ofertas pacíficas e nas ofertas de cereais, que simbolizavam paz com Deus e gratidão. Mas Deus não tinha prazer nas ofertas por pecados e culpas. 

A tribo de Levi era dividida em três patriarcas: “E os filhos de Levi: Gerson, Coate e Merari (...)” (Gn 46.11) Os levitas foram separados para um ministério sacerdotal: (Ex 32.26-30) Estes homens pertenciam ao Senhor, deveriam ser imparciais, obedientes, e precisavam ter uma vida separada para Deus. No período de Moisés começaram a trabalhar com a idade de 30 anos (Nm 4 e 1Cr 23.3), pois era exigido um tempo de maturidade e de aprendizado para o serviço. Haviam várias funções para as famílias dos levitas, poderiam ser porteiros, cantores etc. 

Dentre as famílias de Levi, Deus chamou a de Arão para ser a família sacerdotal (Nm 3.2-4). A tribo de Levi deveria ser submissa aos sacerdotes (Nm 3.6-8) Arão e seus filhos foram consagrados para o sacerdócio (Ex 29 e Lv 8) Eles foram treinados para exercer a função sacerdotal (Lv 8.35;Lv 9; Ex 29.1) 

Alguns significados espirituais presentes no livro: 

Água: Palavra 
Vestes: justificação 
Unção: capacitação do Espírito Santo 
Pecados: perdão 
Holocausto: consagração 
Sangue: purificação 

Todos os crentes em Jesus também precisam aprender a desempenhar seu ministério com preparação e aprendizado. 

Funções dos sacerdotes: 

1. Manter a chama do altar acesa (Lv 6.12-13; Lv 24.2-3) 
2. Lavar-se antes do serviço (Ex 30.18-21) 
3. Zelar pela glória de Deus (Nm 25.11-13) 
4. Sumo sacerdote era quem oferecia o sacrifício no dia da expiação (Lv 16) 
5. Sustento e herança dos levitas (Lv 18.8-32; Nm 18.8-32) 
6. (Lv 21. 15-23) 
7. (Lv 22.16) 

Nosso relacionamento com Deus requer obediência à Palavra. A santidade do Tabernáculo não estava nas mesas, roupas ou objetos, era a Presença de Deus que tornava tudo santo. O alvo de Deus é que todos sejam santos, mas também esse precisa ser o desejo pessoal de cada crente. 

“Não façais segundo as obras da terra do Egito, em que habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Canaã, para a qual eu vos levo, nem andareis nos seus estatutos. Fareis segundo os meus juízos e os meus estatutos guardareis, para andardes neles. Eu sou o Senhor, vosso Deus. Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; cumprindo-os, o homem viverá por eles. Eu sou o Senhor.” (Lv 18.3-5) 

Os crentes não podem ceder às pressões do mundo, com suas interpretações acerca da existência humana e padrões de vida. O mundo não pode influenciar o ponto de vista do cristão, porque temos por alvo e instrução a Palavra do Eterno. 

“E falou Moisés a Arão: Isto é o que o Senhor disse: Mostrarei a minha santidade naqueles que se cheguem a mim e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Arão se calou.” (Lv10.3) 

Para finalizar, alguns capítulos trouxeram observâncias acerca de higiene pessoal, saúde e purificação (14 e 15); de padrão sexual (18); Relacionamentos humanos (19); proibição de idolatrias e sacrifícios de crianças (20); procedimentos após os partos (12)