domingo, 4 de setembro de 2022

"Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte" (Salmo 23.4)

Mesmo que o Senhor nos conduza a lugares repletos de profundas tribulações, tal como o vale da sombra da morte, diz o salmista que Sua Presença é suficiente para dissipar todo o medo, uma vez que a Luz e a vida estão garantidas na Presença de Deus, por toda a Eternidade.

O vale descrito por Davi era uma região de tormentos e de ser rondado pela morte, segundo está escrito. Um lugar provavelmente sombrio, onde havia riscos de vida. Um lugar de profunda ausência de Deus nos detalhes, pois tudo deveria ser hostil e sem boas pessoas ao redor. Davi estava dizendo que o Senhor Deus - que habita na Luz inacessível - as vezes nos conduzirá em territórios sem nenhuma luminosidade, espiritualmente falando. Nessas horas, deveremos olhar para nós mesmos e fazermos uma avaliação de onde está Deus, porque talvez Sua Presença, aos nossos olhos humanos, não esteja perceptível. O cenário pode ser absolutamente desfavorável e nessas circunstâncias precisamos admitir a necessidade de enxergarmos através da fé, para que essa trajetória não seja tão desconfortável. Não estamos sós, a autoridade do Altíssimo socorre àqueles que são dEle, decretando a proteção e ordenando que a morte fique bem distante.

Davi está dizendo que nem sempre a grama estará verdejante e as águas estarão calmas. Existem rotas difíceis, terrenos secos, vales tenebrosos. Davi referiu-se a um lugar sem vida, uma estrada repleta de perigos, onde a caminhada é solitária e longa e onde o cansaço e o medo são constantes. A sensação nesse caminho é de instabilidade e ausência de certeza de chegar ao outro lado. Porém, Davi colocou-se como uma ovelha guiada pelo Pastor, totalmente consolado pelos sinais de seu cuidado e Amor: a vara e o cajado.

Na tradição judaica, a estrada poderia ser um caminho entre Jerusalém e Jericó. No livro de Jó, a palavra para "sombra da morte" (tsalmaveth) foi empregada com o sentido de morte literal, sepultura, lugar de trevas intensas. O profeta Isaías mencionou a terra da Galileia como sendo um local de "sombra da morte", que seria poderosamente visitada pelo Príncipe da paz:

"Mas para a terra que estava aflita não continuará a escuridão. Deus, nos primeiros tempos, tornou desprezível a terra de Zebulom e a terra de Naftali, mas, nos últimos tempos, tornará glorioso o caminho do mar, além do Jordão, Galileia dos gentios. O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte resplandeceu-lhes a luz." (Isaías 9. 1-2)

Estes dois exemplos citados parecem possuir dois aspectos diferentes, um de morte física e outro de morte espiritual. Mas em ambos conceitos, a realidade é uma só: medo, perigo, morte e trevas. O que faz toda a diferença? O menino que nos nasceu numa manjedoura e nos deu acesso ao Pai da Eternidade, ao Altíssimo, ao Onipotente, Àquele que tem as chaves de Davi - e que quando abre portas, ninguém pode fechar; e que quando as fecha, ninguém consegue abrir. Ele venceu a morte por nós e tem poder para detê-la, pois é o dono de nossos dias.

Quando a nossa vida está diante de Deus e somos direcionados por Ele precisamos sentir essa tranquilidade de Davi e vermos os sinais da Presença de Deus. Não podemos ver esse Pastor face a face, pois ainda é tempo de o vermos por enigmas; mas precisamos crer nos sinais e estarmos sensíveis à Sua Voz e à Sua Presença. Precisamos detectar a origem de nossos temores, porque a fé nos dá paz, a Presença nos acalma a alma, a vara nos direciona e o cajado nos põe no lugar seguro. Nosso Pastor é responsável. Se Ele nos levou para uma terra inóspita, deserta, seca e ameaçadora para nossa existência, Ele está no controle.



sexta-feira, 8 de abril de 2022

Jesus morreu mesmo em uma sexta-feira?


  Claro que a data correta da morte de Jesus não faz diferença, a nível de salvação. Esse dado é apenas relevante quando alguém nos questiona a respeito do sinal apontado por Jesus nesta passagem:


O Sinal de Jonas

"Então alguns dos fariseus e mestres da lei lhe disseram: "Mestre, queremos ver um sinal miraculoso feito por ti." Ele respondeu: "Uma geração perversa e adúltera pede um sinal miraculoso! Mas nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal do profeta Jonas. Pois assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre de um grande peixe, assim o Filho do homem ficará três dias e três noites no coração da terra. Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração e a condenarão; pois eles se arrependeram com a pregação de Jonas, e agora está aqui o que é maior do que Jonas." (Mt 12.38-41)

   Sem um exame minucioso esse trecho aparenta uma razoável contradição; seria impossível a Jesus ter cumprido esse sinal, caso ele tivesse morrido realmente na sexta e ressuscitado no Domingo. No entanto, vamos aos detalhes nas narrativas dos Evangelhos:

  • Primeiro ponto:
  O calendário lunar dos hebreus era, e ainda é, diferente do calendário gregoriano.  A data da Páscoa possui uma regra ligada ao dia da saída do povo no Egito. De acordo com as instruções bíblicas, a Páscoa (Pessach) deveria ser comemorada em 14 de Nissan, o primeiro mês do calendário judaico (Ex 12.18). Todos os anos os judeus comemoram essa festividade exatamente no dia estipulado por Adonai, o que não corresponde aos dias do ano do nosso calendário. 

   Por acaso a preparação da Páscoa judaica em 2022 será realizada numa sexta-feira, dia 15 de Abril do  calendário gregoriano; no calendário judaico eles estarão no dia 14 de Nissan do ano 5782. E o Sábado de Páscoa judaico,15 de Nissan, cairá no Sábado do calendário gregoriano. No entanto, em 2021, a preparação caiu no dia 27 de Março, num sábado; e, o Sábado de Páscoa caiu no domingo.

   Outro fator importante no calendário judaico é que o dia inicia com o pôr-do-sol. Porque para os judeus conta o momento em que a luz do dia se vai, então o dia termina. Sendo assim, os dias começam por volta das 18hrs, diferente dos nossos dias que iniciam após a meia-noite.

  Essa é uma informação indispensável para compreender o que estava acontecendo na ótica e na cultura judaica, na qual nasceu e viveu Jesus.

  • Segundo ponto
    Dito isto, passemos ao "dia da Preparação". Conforme os relatos de Lucas 23.52-54 e Marcos 15.42-43, Jesus morreu no dia da preparação, antes do sábado de Páscoa, pois era um feriado no qual não seria possível fazer o sepultamento.

   "E quando já era tarde, porquanto era o dia da preparação, isto é, a véspera de sábado. Chegou José de Arimateia, senador honrado [membro ilustre do Sinédrio], que também esperava o Reino de Deus, apresentou-se corajosamente a Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus." 

  Este dia da preparação era o dia anterior ao sábado de Páscoa. Cumpre relembrar a possibilidade deste dia não ter sido uma sexta-feira do calendário gregoriano, devemos observar o costume do povo hebreu e não o nosso.

  • Terceiro ponto:
  O dia "após o sábado", foi um dia no qual as mulheres foram fazer compras para a unção do corpo de Jesus, conforme o relato de Marcos 16.1-2:

"E, passado o sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo. E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nasceu do sol."

  Nota-se que elas foram comprar aromas no dia após o sábado da Páscoa, mas esse não era o Domingo. Quando elas se dirigiram ao sepulcro, no primeiro dia da semana, foi que descobriram que Jesus já havia ressuscitado. Logo, são dias diferentes. Lembrando que o domingo dos judeus começa no sábado às 18hrs. O que revela ser impossível elas terem ido no Sábado fazer compras, pois era proibido comprar no feriado. Também não teriam conseguido comprar aromas no Domingo tão cedo, logo ao nascer do Sol. João 20.1 ainda aponta que elas chegaram no sepulcro ainda estava escuro:

"E no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro."

  Não é uma contradição dos textos. Simplesmente, analisando essas informações, se houve um dia após o Sábado de Páscoa no qual elas fizeram compras, não poderia ser o domingo. Era um dia normal da semana corrente, pois neste caso o dia 14 de Nissan caiu num dia da semana comum. Isso é verificado com os trechos seguintes:

"E era o dia da preparação, e amanhecia o sábado. E as mulheres, que tinham vindo com ele da Galileia, seguiram também e viram o sepulcro, e como foi posto o seu corpo. E, voltando elas, prepararam especiarias e unguentos; e no sábado repousaram, conforme o mandamento." (Lc 23.54-56)


  Destarte, fica muito claro que havia um dia livre entre o Sábado de Páscoa e o sábado comum da semana, que só poderia ter sido a sexta-feira. O que forçosamente demonstra que o Sábado de Páscoa do ano da morte de Yeshua foi comemorado numa quinta-feira da semana. E o dia da Preparação foi numa quarta-feira.

   Tendo nosso Senhor Jesus padecido à hora nona do dia da Preparação (três horas da tarde de 14 de Nissan), foi sepultado ainda antes que este dia acabasse; ou seja, antes do romper do sol. 


  

  

sexta-feira, 1 de abril de 2022

Tiago 2.1 | A fé e a acepção de pessoas

"Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da Glória, em acepção de pessoas." (Tg 2.1;)

  Essa carta de Tiago - dirigente de uma sinagoga messiânica em Jerusalém, irmão de Jesus - foi dirigida "às doze tribos que andam dispersas". (Tg 1.1) Essas doze tribos eram formadas por judeus crentes em Yeshua, assim como Tiago, vivendo na Diáspora; ou seja, vivendo fora do território original dos hebreus. 

'Possivelmente Ya'akov [Tiago] estava se dirigindo aos judeus messiânicos que o conheciam pessoalmente em Jerusalém, mas que fugiram da perseguição de Paulo (At 81-3) ou na fuga posterior descrita em At 12 (44 da E.C). No entanto é mais provável que esses fossem judeus já vivendo na Diáspora quando vieram a crer, a quem as palavras de Ya'akov demonstraram sua autoridade como irmão do Senhor e líder da comunidade em Jerusalém. (STERN, 2008, p.789)

  A questão iniciada no capítulo 2 referia-se ao "fazer acepção de pessoas"; ou, em outras traduções, aos "favoritismos". A continuação do texto apontava as razões das advertências: os pobres estavam sendo mal recebidos nas sinagogas [termo utilizado no texto original e traduzido como igrejas] por alguns cristãos [judeus convertidos a Yeshua]. O contexto social da época era de invisibilidade dos socialmente desfavorecidos. Os homens e mulheres pobres que se convertiam, ao que indica essa carta, estavam sofrendo discriminação. Havia privilégios para a camada social possuidora de bens, ação absolutamente contraditória aos ensinamentos de Jesus.

  Lendo o capítulo 15 de Atos, vamos encontrar uma outra discussão acontecendo em Jerusalém, a respeito da discriminação aos gentios que abraçavam a fé e não se circuncidavam. Ao ponto de Barnabé e Paulo viajarem até Jerusalém a fim de ensinarem o que a fé cristã determinava. Paulo testemunhou como Deus estava operando grandes sinais entre os gentios (lembrando que "gentios" era a forma como os não-judeus eram chamados). E Pedro também testemunhou o que aprendera sobre o Espírito Santo ter sido derramado tanto aos judeus como aos gentios.

  Tanto os gentios quanto os judeus convertidos cobravam de Paulo práticas ritualísticas judaicas que os distinguissem. Na visão de mundo pagã, as regras ascéticas, projetavam alguma visibilidade (BROWN, 1990, pp.48-50). O mundo da época se importava com a opinião pública, com o prestígio e com o pertencimento à “casta” superior. E para alguns judeus convertidos os costumes e a cultura estavam muito enraizados. Gálatas 2 informa que o apóstolo Pedro relutou com Paulo quanto ao tratamento dado aos gentios.

  No judaísmo tanto a alma quanto o corpo eram inferiores a Deus e sujeitos à “rebeldia”. O coração (alma) do judeu deveria ser reto, sem fermento (falsidade, hipocrisia), justo, bondoso, inclinado e obediente a Deus, fiel etc. “Deveria ser” aqui implicava em poder não ser; e o judeu possuía um inter-relacionamento interno, um “coração dentro do coração” (BROWN, 1990, pp. 39- 41) . No livro dos Salmos há diálogos do rei Davi com sua alma: “porque estás abatida, ó minha alma? Porque te perturbas em mim?”.  (Salmos 42.5) 

  No paganismo a mentalidade era dual, havia a supremacia da alma sobre o corpo assim como dos “bem-nascidos” sobre os “inferiores” (esposas, escravos e plebeus).  (BROWN, 1990, p. 39) O platonismo defendeu uma alma racional eterna e incriada. O mundo cristão por séculos esteve em debates sobre o significado da alma e do corpo, misturando diferentes tradições (ora judaica, ora pagã); reflexo evidente das culturas nas quais o cristianismo teve origem.

  O mesmo capítulo 15 de Atos informou sobre os ensinos de Tiago acerca dessa exclusão de determinados grupos de convertidos, porque Deus fez de judeus e gentios um único povo. Cabe ressaltar, essa posição é valida para a igreja atual, formada majoritariamente por gentios. O texto deixa claro o quanto os judeus no primeiro século não estavam rejeitando, todos eles, a Palavra. Muitos judeus se converteram. Não podemos generalizar e afirmar que os judeus rejeitaram todos a Jesus. Não podemos assumir uma postura preconceituosa contra ninguém que aceite a Jesus, segundo essa instrução do irmão de Jesus.

  No capítulo 2 da carta de Tiago, o problema não era a circuncisão, era o dinheiro. A mentalidade da época precisava ser regenerada pela lavagem da Palavra. A cultura fora impregnada por mentiras e o Espírito Santo estava usando a Tiago para corrigi-la. A mensagem da Cruz quebrava essas visões de mundo, ela era diferente. Não era possível receber um Espírito de Amor, Puro e Santo, vindo de Deus, e permanecer com um amor parcial. Deus amou o mundo de tal maneira, que enviou Seu Filho, e esse mundo tem muitas nações e povos e línguas e camadas sociais. Não há como aceitar ao Evangelho da Cruz e permanecer escolhendo a quem amar.

  Todos deveriam ter a mesma honra uns perante os outros. Gálatas 3.28 expressou claramente: 

"Porque todos são filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisso não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus."

    Não há espaço para racismo, para preconceito social entre ricos e pobres. Todas as concepções da época, definindo alguns como superiores a outros, deveriam ser abolidas à Luz da Verdade. 

  Para a historiadora Aline Rousselle (s/d, 352, 357, 367-374), a Antiguidade definiu para as mulheres o destino da reprodução. Sua tese sobre a procriação e a continência em Roma nos permitiu conhecer alguns momentos em que a vida feminina também esteve ligada ao prazer sexual dos homens, papel desempenhado por concubinas ou escravas. Os estamentos definiriam quais mulheres seriam bens semoventes (juridicamente comparadas às porcas vendidas em comércio), e quais seriam esposas honradas (proprietárias de escravos e superiores às demais mulheres). Ou seja, a mulher poderia ser dona de um homem, tudo dependeria se ela nasceu rica ou pobre. E para a mulher ser distinta das demais, necessitaria usar vestimentas adequadas, seria cobrada a ser comedida sexualmente (após gerar os filhos suficientes) e a usar o véu (cujo uso era regulado por lei). O aspecto das leis de uso do véu em Roma elucidou o contexto dos conselhos paulinos para que as mulheres de honra tivessem a prudência de usar o véu nos padrões da época.

  Na igreja cristã não deveria ser assim. Se uma mulher escravizada e gentia aceitava a Jesus, ela deveria ser tratada de forma equivalente ao tratamento dispensado aos homens ricos e judeus; ou seja, como amor e dignidade. Pois o Espírito Santo estava presente naquela vida. Deus veio ao mundo e se fez carne por todos os habitantes da terra. Ele não planejava grupos privilegiados para a salvação.

  Os dois vídeos sugeridos no final deste post trouxeram uma reflexão mais pormenorizada e explicada.

Fontes citadas:

BROWN, Peter. De Paulo a Antônio. Em: Corpo e sociedade: o homem, a mulher e a renúncia sexual no início do cristianismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990, pp. 15-180.

ROUSSELLE, Aline. A política dos corpos. Em: História das mulheres: a Antiguidade. Porto: Afrontamento, [s/d], pp. 352-402.

STERN, David H. Comentário Judaico do Novo Testamento. São Paulo: Didática Paulista; Belo Horizonte: Editora Atos, 2008.





terça-feira, 22 de março de 2022

Os mistérios de Deus - Ester 4.13-14

 "Então Mardoqueu mandou que respondessem a Ester: Não imagines no teu íntimo que, por estares na casa do rei, escaparás só tu entre todos os judeus.

Porque, se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento de outra parte sairá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?" (Ester 4:13,14)

Os desígnios de Deus trabalham além de nossa compreensão. A história de Esther falará de um casamento cuja escolha do homem iria servir aos propósitos altos de Deus.

Porque mistério? Porque a união foi um pouco fora dos padrões para uma judia. E porque escapava à Esther o que Deus faria na vida dela através desta união.

Deus não é pego desprevenido. Antes que Hamã pensasse em destruir o povo de Deus, Esther já estava sendo preparada para ser a rainha.

Essa palavra neste dia irá nos dizer, além de outras coisas, que, podem haver momentos em que nossas vidas terão acontecimentos onde nós estaremos como Esther. A nossa condição parecerá que chegou um tempo de vitória, uma porta se abriu, o casamento chegou, a promoção no trabalho aconteceu, a nota do Enem foi suficiente e você passou, você recebeu uma vitória onde você passou por uma seleção.

É mistério de Deus.

Se você chegou até aí, Glórias a Deus! É vitória! É uma conquista. Aleleuia! Mas pode ser que Deus tenha te preparado para este momento não apenas para te dar esta grande alegria. Deus quer te usar.

Deus é quem permite tudo. Talvez o teu casamento tenha sido singular como o de Esther. E nem é impossível que não tenha sido o primeiro casamento do teu esposo exatamente como o dela. Mas esta união não é pra deleite. Não é uma mera história de amor. Há um projeto espiritual neste relacionamento.

Deus te escolheu para uma peleja onde vencerás com tua graça, teu joelho e tua oração.

Ou se alguém que estiver lendo, que não seja uma mulher, mas Deus te colocou no meio de "incircuncisos". Preste atenção para o fato de que o Senhor dos Exércitos não perde o controle da tua vida. E, enquanto Deus te exalta e te alegra com uma grande vitória, ele também precisa que esteja na brecha, que não perca a visão. Nesta terra aí onde Deus te colocou, Deus vai precisar que você seja como Esther. É para clamar. Teu jejum e tua oração aí neste lugar irá fazer um rebuliço.

Sabe porque? O Hamã, a pessoa que está onde você foi colocado, pode pensar que vai envergonhar o povo de Deus. Ele não conhece o Deus desse povo que ele está mexendo. Traduzindo: a pessoa que te persegue ou que persegue os cristãos, que fala mal dos cristãos, talvez no lugar que você trabalha, ou talvez no lugar onde você estuda, ou no lugar onde você mora, a tua rua, no lugar onde Deus te colocou para te dar vitória. É só ficar ligado que o nosso Deus está permitindo que você chegue aí, para no final, depois que você clamar, jejuar, interceder, Deus vai tratar com este Hamã. Porque os projetos que estão no coração deste homem ou desta mulher são perversos para com os justos, porque nasceram nos lugares celestiais da maldade.

Esta pessoa pode não saber, mas se ela deseja prejudicar pessoas, ela não está sendo inspirada por Deus mas pelos espíritos das trevas. "Porque nossa guerra não é contra carne ou sangue."

Ou este Hamã vai ser transformado em uma nova criatura, ou o Senhor vai fazer a ele aquilo que ele está almejando fazer contigo! Você entendeu esta palavra?

Que o Espírito Santo seja com cada um de nós. Améym.

 

segunda-feira, 21 de março de 2022

2 Pedro 2.20 | Falsos mestres e falsos profetas

"Portanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro."

2 Pedro 2.20

Este trecho de 2 Pedro possui paralelo com outras passagens, a ver:

"Ou dizeis que a árvore é boa e o seu fruto, bom, ou dizeis que a árvore é má e o seu fruto, mau; porque pelo fruto se conhece a árvore.

Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.

O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más.

Mas eu voz digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo.

Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado."

(Mateus 12.33-37)

"E quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não encontra. Então diz: Voltarei para a minha casa, donde saí. E, voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada.

Então, vai e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e são os últimos atos desse homem piores do que os princípios. Assim acontecerá também a esta geração má."

(Mateus 12.43-45)

"Portanto, convém-nos atentar, com mais diligência, para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum, nos desviemos delas.

Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição,

Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram;

Testificando também Deus com elas, por sinais, e milagres, e várias maravilhas, e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade?"

(Hebreus 2.1-4)

"Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como na provocação.

Porque, havendo-a alguns ouvido, o provocaram; mas não todos os que saíram do Egito por meio de Moisés.

Mas com quem se indignou por quarenta anos? Não foi, porventura, com os que pecaram, cujos corpos caíram no deserto?

E a quem jurou que não entrariam no seu repouso, senão aos que foram desobedientes?

E vemos que não puderem entrar por causa da sua incredulidade."

(Hebreus 3.15-19)

"Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel para se apartar do Deus vivo."

(Hebreus 3.12) 

Apostasia, aqui em Hebreus 3.12, aparece como verbo (gr. "aphistemi", traduzido "apartar"). O termo grego é definido como decaída, deserção, rebelião, abandono, retirada ou afastar-se daquilo a que antes se estava ligado.

"Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século futuro, e recaíram sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificaram o Filho de Deus e o expõem ao vitupério."

(Hebreus 6.4-6)

"Quando o valente guarda, armando, a sua casa, em segurança está tudo quanto tem.

Mas, sobrevindo outro mais valente do que ele e vencendo-o, tira-lhe toda a armadura em que confiava e reparte os seus despojos.

Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.

Quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos, buscando repouso; e, não o achando, diz: Tornarei para minha casa, de onde saí.

E, chegando, acha-a varrida e adornada.

Então, vai e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele; e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o primeiro."

Lucas 11.21-26

"Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados,

Mas uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários."

(Hebreus 10.26-27)

Louvado seja o Nome do Senhor, por nos advertir a respeito do perigo de sermos novamente vencidos pelas corrupções do mundo. Quais seriam essas corrupções? Podemos começar pelo contexto do capítulo 2, na segunda epístola do apóstolo Pedro, observando sua exortação aos falsos mestres e aos falsos profetas.

Pedro escreveu sobre homens libertos através do conhecimento do Senhor Jesus Cristo, cujas consciências haviam sido transformadas pela Palavra de Deus e cujas vidas haviam sido guiadas e vivificadas pelo Espírito Santo, mergulhadas nas orações. Esses homens inclinaram-se um dia para a busca incessante da verdade, em humildade e amor, desejando a capacitação sobrenatural para andarem em boas obras - não apenas obras ministeriais, que edificam o corpo de Cristo, mas todas aquelas que representavam um novo estilo de vida. No entanto, Pedro observou ao longo do capítulo um profundo desvio da Verdade:

Pedro apontou quais eram os erros mais perceptíveis no seu tempo, citaremos alguns:

1 - Avareza: exploração financeira com palavras fingidas. Mas esses tais serão condenados. (v. 3)

2 - Imoralidade e carnalidade. (v. 10)

3 - Engano: introduziam heresias destruidoras e sofisticadas, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. (v. 1)

4 - Escarneciam da convicção genuína dos fieis. (v.

5 - Promoviam a libertinagem. (v. 2)

6 - Olhos cheios de adultério, insaciáveis para o pecado. (v. 14)

7 - Eram arrogantes e atrevidos. (v. 10)

Pedro recordou a vida de dois justos, Noé e Ló, que mesmo habitando em lugares subvertidos, cheios de violência e imoralidade, não se conformaram, não se moldaram no estilo de vida comum do seu tempo. Pedro recordou que Ló estava enfadado da vida caída que reinava em Sodoma e Gomorra, afligindo sua alma todos os dias com o que ouvia e via.

Pedro estava dizendo que a Igreja não poderia ser novamente envolvida com as corrupções do mundo. Os mestres não deveriam se afastar da vida espiritual; não poderiam andar na carne; não poderiam deixar de olhar para Jesus; não poderiam andar irados ou dominados por práticas pecaminosas; não poderiam ser arrogantes, vaidosos, avarentos. Os mestres deveriam seguir a Deus e não aos seus próprios corações, não poderiam se acostumar com uma vida natural. Não deveriam seguir o caminho de Balaão, buscando ganhos materiais ou honrarias pessoais.

O bom mestre deveria andar no Espírito e debaixo de Revelações de Deus, buscando conhecer a vontade de Deus. Deveria afligir sua alma com a maldade humana, amar a Justiça, usar armas armaduras espirituais, fortalecer sua vida. Deus entregou à Igreja gratuitamente Poder, talentos e condições para buscarem uma vida excelente, o mestre deveria ser o maior exemplo dessa realidade espiritual.

Vejamos que as corrupções do mundo poderiam ser diversas, representadas por todo tipo de obras carnais, conforme Paulo declarou em Gálatas 5: Invejas, disputas dentro da Igreja por cargos e posições, ressentimentos, tristeza pelo sucesso de outro irmão, descontentamento pela benção recebida por outro irmão, ambição por poder dentro da Igreja, glutonarias. Notadamente os pecados sexuais são mais mencionados pelos crentes, mas todo tipo de controle exercido pela natureza humana em contraste com a vida no Espírito não condizem com a santidade.

O Espírito Santo é aquele que opera a boa obra, na qual Deus deseja que o cristão viva. Não se trata de um esforço meramente humano. Jesus, nosso modelo de mestre e de boas obras não fazia nada por si mesmo, ainda que fosse Deus. Jesus esvaziou-se de sua condição divina e se sujeitou como um ser humano. Jesus orava, clamava, jejuava, estudava a Palavra, renunciava ao pecado. Em dependência clamou o revestimento do Espírito Santo para ir para a Cruz, para suportar a realização daquela provação tão dolorosa como padecer pelos pecados da humanidade.

É uma Palavra para a reflexão sobretudo dos profetas e mestres, mas para todos os cristãos igualmente. Bem-aventurados aqueles que ouvem e guardam a Palavra de Deus e alertas com as advertências do Apóstolo Pedro.